Lava Jato recebe reforço em Curitiba

No mesmo dia em que o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, afirmou que terminará ainda este ano as investigações em todos os inquéritos da Operação Lava-Jato que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), o superintendente da PF no Paraná, Maurício Valeixo (foto), anunciou a chegada a Curitiba de uma nova leva de 53 inquéritos, desmembrados de investigações que correm na Corte. Parte expressiva do material se refere a desdobramentos das delações de executivos da Odebrecht. Valeixo não estabeleceu prazo para o fim dos trabalhos e assegurou, em entrevista ao GLOBO, que haverá aumento do efetivo que atua na Lava-Jato.

Em encontro com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, Segovia disse ainda que concluirá todos os outros inquéritos que apuram supostos crimes cometidos por autoridades com foro privilegiado — cerca de 200, metade relacionada com a Lava-Jato. A maioria seria encerrada nos próximos oito meses, segundo o diretor-geral — portanto, antes do primeiro turno das eleições. Segovia, no entanto, afirmou que não faz o cálculo sobre eventual influência da aceleração dos inquéritos nas eleições neste ano.

— Qualquer investigação deve vir em benefício da sociedade.

Já o novo chefe da Polícia Federal em Curitiba disse que precisará de mais analistas e peritos para auxiliar na apuração de casos que envolvem o sistema Drousys, uma espécie de arquivo digital gigantesco que reúne informações sobre pagamentos de propina da Odebrecht no Brasil e no exterior. Dados do Drousys têm sido extraídos inclusive para subsidiar investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

— Temos orçamento específico só para a Lava-Jato. Para 2018, já foi feito um plano para concentração de esforços e recrutamento de pessoal para os casos que ainda tramitam em Curitiba. Isso significa um aumento do grupo de trabalho — afirmou, sem dizer qual será o quantitativo incrementado.

Comedido com as palavras, o delegado evitou críticas ao comentar o desmantelamento do grupo de trabalho da operação do Paraná, em julho do ano passado, quando o número de delegados foi reduzido de nove para quatro.

Valeixo disse que considera “natural” a redução do efetivo da operação após as investigações se espalharem para outros lugares, como Brasília e Rio. Ele nega que haja pressão política do governo do presidente Michel Temer, que tem ministros e parlamentares aliados sendo investigados, para abafar o trabalho da Polícia Federal

— Não (temos pressões políticas). O que posso dizer é que as equipes de policiais têm uma blindagem pra poder conduzir as investigações com tranquilidade — disse Valeixo.

Questionado sobre possíveis ameaças à Lava-Jato, como a possibilidade de o STF rever o entendimento sobre as prisões após condenações em segunda instância, o delegado evitou polemizar, mas reconheceu que a atual interpretação da Constituição reduz a sensação de impunidade.

— Eu não costumo fazer avaliações sobre essas questões. Mas, naturalmente, quando isso veio à tona, houve uma melhora em relação a sensação de impunidade. Antes disso, você tinha que aguardar 15, 16 ou até 20 anos para que uma pena começasse a ser aplicada — disse o delegado, em referência ao entendimento que previa a prisão apenas após o trânsito em julgado da sentença.

O delegado também comentou o embate entre a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal em relação às delações premiadas. A participação dos delegados nos acordos de colaboração ainda depende do aval do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, os procuradores têm dito que a polícia não tem a independência orçamentária e pode ser suscetível a pressões políticas.

1 COMENTÁRIO

  1. Uhum…sei. inclusive a correria para “inocentar” o pessoal dos 200 processos de gente com foto privilegiado não está sentenciada já! Se o inquérito fosse seguir com o mesmo empenho não precisava ter tirado o pessoal que estava trabalhando …podia deixar aqueles e não agora, trazer gente sua né Segóvia! Só não vê quem não quer… Temer estudou letras além de direito, ele sabe dizer o que se quer ouvir, seus escolhidos fazendo escola na arte de dizer uma coisa é fazer outra…se fossem processados por mentir ao povo…como se faz na Inglaterra…tavam bonitos na foto…temer, Segóvia, aliás só lembrando: uma mala não prova nada!

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