Depoimento de Moro à PF demorou 8 horas. Tudo em segredo

Após mais de oito horas de depoimento na sede da superintendência da Polícia Federal em Curitiba neste sábado (2), o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro entrou e saiu sem dar declarações à imprensa. Não há informações de outras fontes sobre o teor do depoimento, mas acredita-se que, aos dois prints de celular que apresentou ao se demitir do MJ na semana passada como provas de que o presidente Jair Bolsonaro tentava interferir em investigações policiais sigilosas, ele tenha agregado outras provas.

O interrogatório foi conduzido por uma delegada PF Christiane Pereira, chefe do setor de Inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) e acompanhado por três procuradores indicados pela Procuradoria Geral da República e pelo ainda diretor (demissionário) da Polícia Federal em Brasília, Igor de Paula. Moro contou com a assistência profissional de um advogado criminalista de Curitiba, seu amigo pessoal.

As investigações apuram as acusações do ex-juiz da Lava Jato em seu anuncio de demissão, na semana passada.

Durante o depoimento de Moro, grupos de manifestantes pró-governo chamavam o ex-ministro de ‘rato’ e ‘Judas’, xingamento utilizado por Bolsonaro nas redes sociais antes da oitiva. “Com tantos crimes maiores, porque ele quis se voltar contra o presidente e sua família?”, gritavam do carro de som.

Um grupo de apoiadores de Morro também esteve no local, com faixas de suporte ao ex-juiz e a Operação Lava Jato. Durante a noite, um entregador de delivery levou pizzas para a equipe que acompanhava a oitiva – naquela hora, o depoimento de Moro já durava mais de sete horas. Foram feitas duas pausas durante o dia.

Moro acusou Bolsonaro de tirar o delegado Maurício Valeixo do comando da PF visando a ter facilidades para obter informações e relatórios sigilosos de investigações ao anunciar demissão, na semana passada. O Planalto se preocupa com o andamento de inquéritos que apuram esquemas de divulgação de ‘fake news’ e financiamento de atos antidemocráticos realizados em abril, em Brasília.

A troca de comando na PF por Alexandre Ramagem foi barrada por liminar do ministro Alexandre de Moraes, que viu indícios de desvio de poder na nomeação de um amigo próximo de Bolsonaro e dos filhos do presidente. A indicação foi anulada pelo Planalto e o presidente ainda estuda recursos contra a decisão judicial.

Moro prestou depoimento e acredita-se que tenha apresentado provas que sustentem suas acusações contra o presidente. À revista Veja, o ex-ministro afirmou que apresentaria provas ‘em momento oportuno’ – isso incluiu áudios e inúmeras trocas de mensagens pessoais e de governo trocadas com o presidente pelo WhatsApp, aplicativo favorito de Bolsonaro para delegar ordens a subordinados.

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