Celina e Beatriz Abagge lançam livro sobre tortura e sequestro no ”Caso de Guaratuba”

Quase três décadas depois do desaparecimento do menino Evandro Ramos Caetano, em Guaratuba, no Litoral do Paraná, o caso que chocou o Brasil por conta das graves acusações em torno do crime, é revivido por Celina e Beatriz Abagge. Elas que foram acusadas de terem matado o menino em um ritual de magia negra, e presas por três anos e nove meses em regime fechado, mais dois em prisão domiciliar, lançam um livro com suas memórias, e revelam detalhes jamais contados publicamente.

”A tortura que eu sofri nunca quis contar, porque foi tão terrível o que fizeram com a Beatriz, que o que ocorreu comigo minha família não precisava saber. O meu esposo já estava sabendo da tortura da filha dele, e por esse motivo eu nunca contei para ninguém”, relata Celina.

A história que levou mãe e filha a serem chamadas de ”Bruxas de Guaratuba”, é relatada por quem viveu na pele, momentos dramáticos de tortura e abuso para confessar um crime que não cometeram. O livro ”Malleus – Relatos de injustiça, tortura, e erro judiciário”, deverá chegar ainda em fevereiro às prateleiras das principais livrarias do país pela editora Brazil Publishing, de Curitiba, antes do início de uma série documental que falará a respeito do caso, transmitida pela plataforma Globoplay, do Grupo Globo.

A publicação vem a público meses depois da descoberta de fitas gravadas que comprovam o relato da família Abagge, reveladas pelo jornalista Ivan Mizansuki responsável pelo Projeto Humanos. O nome da obra é uma alusão a um manual usado durante a Idade Média denominado Malleus Maleficarum, ou Martelo das Bruxas em tradução livre do latim, escrito pelos dominicanos alemães Heinrich Kraemer e James Sprenger. O escrito tornou-se um guia para inquisidores do século XV que ensinava técnicas de tortura contra mulheres acusadas de “bruxaria” pela Igreja Católica. À luz da história, Celina e Beatriz trazem à tona injustiças sofridas durante todo o processo que teve o júri mais longo da história do judiciário brasileiro, e os enormes erros cometidos contra elas.

As autoras

  • Celina Abagge, foi esposa do prefeito de Guaratuba, Aldo Abagge. Ficou presa por três anos e sete meses na Penitenciária Feminina do Paraná, e por mais dois anos em prisão domiciliar, por conta do ‘’Caso de Guaratuba’’. Atualmente está aposentada, e vive com os filhos em Curitiba.

  • Beatriz Abagge, ficou presa ao lado da mãe por quase sete anos. Chegou a ser condenada a mais de 20 anos de prisão por falsas acusações no caso, mas posteriormente obteve perdão da pena. Atualmente trabalha em Guaratuba (PR) no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade. Beatriz se formou em direito, passou no concurso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), contudo, a seccional paranaense da ordem lhe negou o acesso a carteirinha de advogada e o exercício da profissão.

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