Em 1989, 18 candidatos concorreram às eleições presidenciais, a primeira pelo voto direto após o fim da ditatura. Nem bem a campanha tinha começado, dois candidatos se apresentavam na ponta das preferências nacionais – o operário recém-saído do torno mecânico e líder sindicalista Lula da Silva e o dândi milionário das Alagoas Fernando Collor de Mello. Estavam ali representadas a esquerda e a direita, Collor mais populista, Lula com propostas ingênuas do socialismo que aprendeu nos piquetes grevistas de São Bernardo Campo.
Atrás deles, vinham figuras com grande experiência administrativa, políticos natos, resistentes contra o regime militar, outros nem tanto – dentre os Leonel Brizola (2 vezes ex-governador dois estados, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, Ulisses Guimarães (líder da residência contra o arbítrio, condutor da Constituinte que votou a Constituição de 1988), Aureliano Chaves (ex-vice-presidente da República, Affonso Camargo Neto (ex-senador por dois mandatos0, Afif Domingues (líder empresarial de São Paolo), Roberto Freire (presidente do partido importante partido Comunista Brasileiro, Eneas (o estrambótico pretendente do Prona), Fernando Gabeira (jornalista brilhante que esteve na turma de presos trocados pela libertação de um embaixador americano que fora sequestrado e até mesmo o notório Paulo Maluf. E mais alguns nanicos que não chegaram a influir nos resultados finais.
Sob certo sentido, as eleições de 2018 se aparecem com aquelas – tem muitos candidatos, mas nenhum à altura da grande maioria dos homens públicos que participaram a perderam de longe para os dois menos preparados. A divisão dos bons e dos preparados, portanto, é que permitiu que Collor e sua sua loira mulher Rosana subissem a rampa do Palácio. Dois anos depois, desciam, depois, envergonhados e envergonhando o país.
Atualmente, se apresentam na dianteira um desequilibrado e despreparado para o função, Jair Bolsonaro, e um tresloucado Ciro Gomes. A penca intermediária que a separa dos nanicos é triste – Alckmin, quem sabe um preposto de Lula, o xoxo Henrique Meirelles, o senador Alvaro Dias, Marina Silva. Suas qualidades estão longe de se igualar a grandeza dos de um Brizola ou de um Mario Covas, mas se somados seria capazes de evitar que o Brasil caísse nas mãos de Bolsonaro ou Ciro.
Cada qual com seu egoísmo e com seus interesses pessoais, eles não conseguem montar um time minimamente disposto a escolher um deles para representar o projeto comum que, em linhas gerais, são mais capazes para assegurar ao país um futuro mais comprometido com a responsabilidade.
Falta menos de um mês para se dê esta eventual união. Poderia ser melhor sucesso eleitoral frente aos dois extremos indesejáveis – mas não há entre eles carisma que empolgue o eleitorado, porque em sua maioria representantes da velha política rejeitada pela sociedade brasileira.
Este olhar, pessimista, é verdade, pode ser a fonte de onde beberão água Ciro e Bolsonaro. É triste.
Dilma se elegeu POR CAUSA do Aecio. O cara praticamente empatou no primeiro turno com a Marina em Minas Gerais, estado que ele “governou” a partir do apartamento no Leblon. E no segundo turno apanhou feio da Dilma também em Minas. Foi o que decidiu a eleição a favor dela. E a favor do país tambem. Quem conhece Aecio de perto não vota nele. Quando é que os que nutrem ódio cego pelo PT vão admitir que a direita conservadora só tem lançado tralhas à presidência? Em minha opinião os melhores que a direita conseguiu produzir até hoje foram, pela ordem: 1- Getúlio Vargas; 2- Lula; 3- Juscelino. Àqueles que acharem que estou exagerando, recomendo ler muito e estudar a origem das coisas e os fatos que ocorreram depois. Sem paixões, please.
Despreparado, o país que elegeu Dilma Rouseff não pode reclamar de candidatos despreparados
Preferia que tivesse sido o eleito o aecio?
Análise lúcida e interessante do processo político brasileiro. Há algumas variáveis que poderiam ser trabalhadas. O fenômeno Collor não é crível que possa se repetir, contudo o quadro atual é preocupante. Qual a liderança possivel a ser ungida dentre os nomes que despontam? A imprevisibilidade torna a disputa uma roleta russa. Que tempos sombrios vive a incipiente democracia brasileira!
A semelhança entre a eleição de 89 e a de agora é a falta de quem se atreva a defender o governo, como era com o Sarney, e pela presença de candidato descolado do sistema formal de poder como é o capitão terror que como o collor quer posar de “novidade” mesmo sendo fruto do mesmo esquemão que derrubou a Dilma, prendeu o Lula e liberou a venda do Brasil. Ou seja, de novo, nem o nome.
Legal mesmo foram os debates. A globo trabalhou do lado do collor o tempo todo e o collor só foi aos debates no 2º turno como o capitão terror quer fazer agora.
A derrota do Lula foi turbinada por muito fake news, tipo o aborto da filha viva e o sequestradores tendo que vestir camisa da campanha e a globo manipulando, para variar, o noticiário com o collor “vencendo” o “último debate” nas mesas de edição e depois nas telas do jornal nacional.
Agora o fake news é, por exemplo, não mencionar a intenção de voto no Lula e dizer que haverá um “preposto” do Lula na eleição. E se “assustar” com a possível votação do capitão terrorista.
Quem mora em Curitiba não tem o direito de se assustar com fascista nem com a sua ascensão, visto que foi em Curitiba, lá no Ahú, que começou a construção do “mito” com o papo tucano de criminalizar o PT.
Lembrem-se que não havia internet nem TV fechada e quem dava as cartas era a globo, assim como agora, só que com mais discrição.
Importante dizer que o PCB estava longe de ser um partido representativo em 89. Tinha perdido lideranças e substância politica. Teve uma votação pífia e teve que ser matar para virar o pps de hoje para depois aderir ao psdb como linha auxiliar.
Outra coisa relevante é que na Republica de Curitiba, onde se cumprem as leis desde que convenientes quem venceu o 1º turno da 1ª eleição direta depois de muitos anos foi o… Afif, que o ContraPonto gentilmente chamou de “líder empresarial de São Paolo”. Quer melhor candidato para espelhar o que é o vazio da cabeça do paranaense “mérdio” e do curitibano em particular? Claro que no 2º turno o collor nadou de braçada e levou quase 70 % dos votos do Paraná.
Pergunta óbvia: em quem o moro, o powerpoint, o barbicha e o Huguinho, Zezinho e Luizinho de Porto Alegre votaram no 2º turno: Lula ou collor?