Políticos que hoje apoiam Cida dão prazo de validade à governadora

Se há governo, sou a favor. O lema serve para a maioria dos deputados estaduais que embarcaram na canoa de apoio à governadora Cida Borghetti (PP) e anunciaram que fariam campanha para reelegê-la, mas agora, contudo, começam a dar sinais de disposição para desembarcar antes do naufrágio. O marido dela, deputado Ricardo Barros, que habilmente articulou a penca de adesões partidárias e individuais à candidatura, talvez não tenha percebido que há outro lema que os políticos com rótulo genérico costumam também repetir: melhor que o atual governo, só próximo, seja ele quem for.

Assim, se até julho Cida não apresentar musculatura que a habilite pelo menos a chegar à disputa do segundo turno, vai haver debandada em favor de Osmar Dias ou Ratinho Jr. – isto é, preferencialmente para o que oferecer mais concreta expectativa de que estará no poder a partir de 1.º de janeiro de 2019.

Mas por que julho como data de validade para Cida Borghetti? Porque a partir do dia 7 deste mês começam a valer as restrições legais de pré-eleição que esvaziam a caneta dos governantes-candidatos. O que afugenta os que até agora procuram demonstrar fidelidade eterna à governadora que ainda tem um resto de tinta para distribuir benesses.

Veja só alguns dos atos que Cida estará impedida de praticar a partir de 7 de julho, três meses antes da eleição:

  • nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens, remover, transferir ou exonerar servidor público;
  • nomear para cargos do poder Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas;
  • transferir ou remover militares, policiais civis e agentes penitenciário.
  • realizar transferência voluntária de recursos aos municípios, com exceção dos recursos destinados a cumprir obrigação legal ou em situações de emergência e de calamidade pública.
  • realizar inaugurações e a contratar de shows artísticos pagos com recursos públicos.

Num regime em que todos estes atos costumam ser praticados com fins político-eleitorais, a governadora estará de mãos amarradas. Cuidará apenas da rotina administrativa e se concentrará em esforço imenso para manter a simpatia dos pseudo-aliados à sua campanha. Sua força dependerá dos sinais a serem indicados pelas pequisas e pelo humor do eleitorado. Se seus índices mostrarem fragilidade, a esperança se esvai. Deputados e prefeitos pularão do barco.

Em 2010, Orlando Pessuti protagonizou situação semelhante. Como vice de Requião, assumiu o governo e se lançou candidato à reeleição para enfrentar outros dois fortes concorrentes – Beto Richa e Osmar Dias. Até julho, chegava a ser considerado no páreo, ostentando cerca de 15% das intenções de voto nas pesquisas e com força suficiente, se chegasse em terceiro lugar, para influir no resultado final da eleição.

Como a data de validade de Pessuti venceu, o governador-candidato sofreu a debandada dos companheiros do próprio PMDB e de outros que até a véspera o aplaudiam. Não conseguiu viabilizar a candidatura, o partido fez aliança formal com o PDT de Osmar Dias, mas a maioria dos mais influentes emedebistas trabalhou por Beto Richa, num processo de “traição” que ficou na história.

A história pode se repetir em 2018.

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