Gustavo Fruet: sem dinheiro para campanha, não há candidatura possível

A possível desistência do deputado Gustavo Fruet (PDT) de concorrer à prefeitura de Curitiba tem pouco a ver com a recente decisão de Ney Leprevost (PSD) de concorrer ao cargo. Na avaliação de luas-pretas de Fruet, a nova configuração – sem Leprevost – até poderia até beneficiá-lo já que, no entendimento deles, além de herdar parte dos votos agora soltos, o pleito seria marcado por uma clara polarização entre o ex-prefeito e o atual, Rafael Greca. Contra esta possibilidade de confronto, no entanto, pesa um fator até agora, véspera da decisão, ainda não foi resolvido: o dinheiro que o PDT não oferece para custear a campanha.

Pelo raciocínio, durante a campanha o eleitor seria estimulado a fazer uma comparação direta entre as administrações de Gustavo Fruet (2013-2016) e Rafael Greca (2017-2020), durante a qual ficaria demonstrado que a gestão anterior deixou legados importantes que Curitiba perdeu ao longo da atual, de Rafael Greca.

Citam, no exemplo, a área de educação: Curitiba conquistou o primeiro lugar no Ideb durante a administração de Gustavo Fruet, mas foi rebaixada para a quarta colocação nos últimos quatro anos. Foram construídos 14 CMEIS (as antigas creches) no quadriênio anterior contra nenhuma neste.

A saúde pública é outro ponto que Gustavo Fruet poderia levar à comparação com a gestão de Greca: além de ter entregue mais postos de saúde e UPAs, o sistema passou pelo fechamento ou pela terceirização de unidades, como a UPA-CIC. Sem contar a redução no quadro de médicos, enfermeiros e técnicos – fato que, segundo assessores do ex-prefeito teve reflexos negativos no enfrentamento da pandemia do coronavírus e no atendimento rotineiro da população (17 unidades básicas de saúde foram fechadas).

A campanha de Gustavo Fruet poderia mostrar, também, que afora a renovação parcial da frota de ônibus – custeada pelo perdão de dívidas das concessionárias, pesados subsídios municipais e estaduais e pela fixação da mais alta tarifa do país – não houve qualquer avanço na gestão de Greca quanto à modernização do sistema (o mesmo desde os anos 1980) processo que havia sido iniciado na administração anterior.

Quanto ao asfaltamento de ruas, se confirmar sua candidatura, Gustavo Fruet poderia reconhecer que o adversário fez mais, mas para isto contou com apoio de três governadores (Beto Richa, Cida Borghetti e Ratinho Jr.), que passaram a liberar recursos antes negados a Fruet por Beto Richa por motivação política. Por outro lado, a concentração de recursos na pavimentação sacrificou outros setores de importância social, como saúde e educação.

O discurso já estaria montado para levar o eleitorado a tomar consciência das diferenças, mas falta um detalhe: não existe campanha eleitoral grátis. Custa caro e dependeria da transferência de fundos administrados pela direção nacional do PDT, que até agora não deu sinais de disposição de arcar com as despesas. Sem isso, a avaliação é de que as chances de Gustavo Fruet manter a candidatura são próximas do zero.

A decisão só será conhecida durante a convenção municipal do partido, neste sábado (12).

 

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