Bolsonaro admite não ter provas de fraude nas eleições

Em duas horas de uma live recheada de ataques a governadores, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), imprensa, petistas e, até mesmo, ao governo da Argentina, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer inverdades sobre o processo eleitoral brasileiro, e colocar em xeque a lisura do voto eletrônico. Desta vez, admitiu: “não temos prova”.

A live, ocorrida nessa quinta-feira (29) à noite, foi divulgada como entrevista “coletiva” pela assessoria de comunicação do Palácio do Planalto, mas não foram permitidas perguntas pelos jornalistas ao presidente.

As ditas provas de Bolsonaro de fraude eleitoral eram esperadas há quase um mês. Na live, o presidente disse que tudo o que foi apresentado eram “apenas indícios”, e não fatos. “E eu digo mais: não temos prova. Deixar bem claro. Mas indícios que eleições para senadores, deputados, pode ocorrer a mesma coisa”, reconheceu, invertendo a promessa de que apresentaria as esperadas provas. ” Os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação: provem que não é fraudável”.

AnimaçãoApós discurso de quase 40 minutos sobre os mais variados temas Bolsonaro cedeu a palavra a um suposto técnico, identificado apenas como “Eduardo” – depois descobriu-se ser Eduardo Gomes, coronel do Exército nomeado assessor na Casa Civil. Segundo o presidente, a partir dali seriam mostrados “indícios fortíssimos, ainda em fase de aprofundamento, que nos levam a crer que temos que mudar o processo eleitoral”. Todos eles, no entanto, havia sido desmentidos pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Entre os supostos indícios, estava um vídeo em que um youtuber chamado Gederson, que se define como programador, explica como uma urna poderia ser fraudada. Em nenhum momento, porém, foi mostrado pelo youtuber se tais desvios efetivamente aconteceram em alguma eleição. Ao contrário disso, o vídeo trazia uma animação narrada por ele sobre como fazer uma fraude eleitoral. O próprio youtuber, todavia, chegou a se retratar sobre o vídeo posteriormente, dizendo que não havia provas de fraude.

Bolsonaro anunciou, então, que mandou para investigação da Polícia Federal um suposto padrão de fraude nas eleições de 2014. O pleito daquele ano foi vencidas por Dilma Rousseff (PT) e o principal adversário dela naquela ocasião, Aécio Neves (PSDB),  reconheceu a derrota. Caberá ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandada por Anderson Torres, produzir um laudo sobre esta questão.

Também houve a exibição de vídeos de Whatsapp e Youtube, sem autoria confirmada, que mostravam supostos erros e fraudes na votação de 2018. Em todos os casos, os eleitores buscavam votar em Bolsonaro – que, mesmo prejudicado, acabou vencendo o primeiro e segundo turno daquelas eleições.

Ao apelar para um discurso populista, o presidente voltou a dizer: “não somos uma república de bananas”, e que “não podemos aceitar na mão grande, no poder da força de alguns, alguém assumir o timão desse país e levá-lo para o caos”.

O presidente usou a estatal TV Brasil para transmitir, ao vivo e na íntegra, o seu discurso. (Do Congresso em Foco).

 

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