Urtigão, o sincerão

(por Ruth Bolognese)- O ex-senador Osmar Dias não é homem de provocar grandes emoções. Nem contra nem a favor. Na entrevista de hoje para a Gazeta do Povo eis um típico paranaense na meia idade, de bota marrom, bem engraxada, num conluio deselegante com a calça jeans e a camisa azul, bem mais apertada do que deveria. É que Osmar está mais roliço do que em outros tempos. E mais sincero também.

Aos 65 anos, com 2 campanhas frustradas para o governo do Paraná nas costas, o irmão do senador Alvaro Dias fala com propriedade do Paraná, convence estar mais do que preparado para governar o estado, tem um projeto definido para ligar o potencial do agronegócio com o avanço da cidade. E levar o Paraná para um outro patamar econômico e social.

O mais rural entre todos os candidatos, sem a verve de Roberto Requião e nem a simpatia-quase-amor do astro Ratinho Jr., o ex-senador se auto define, com certa insistência até, como um “homem da roça”. E se coloca como representante daquela austeridade carregada de princípios morais, família, muito trabalho e crença no valor da terra que é parte da formação do homem do campo no Sul do Brasil.

Tudo isso junto e não há como duvidar de Osmar Dias quando alerta para o déficit da Previdência estadual que deve chegar a R$ 3 bilhões e 400 milhões em 2018. Ou que vai restabelecer a isenção de impostos para 90 mil microempresas paranaenses que Roberto Requião instituiu e Beto Richa cancelou. E nessa mesma linha, que é possível fazer uma reforma fiscal sem aumento de impostos, como se faz agora no Paraná.

Como dizia Guimarães Rosa, é difícil debater com um sujeito muito lógico. Osmar Dias é um lógico: deixa claro que só se viabiliza como candidato ao Palácio Iguaçu se formar uma base partidária de sustância: suficiente para lhe dar estrutura e tempo de TV e aberta politicamente que lhe permita apoiar o irmão nessa cruzada pela Presidência da República. E sem trairagem, como diz, o que em política é o jogo do impossível.

Pode-se dizer que Ratinho Jr. e a Belezura são inconsistentes e rasos demais para governar o Paraná, e que Requião já deu o que tinha que dar, depois de 3 gestões. De Osmar, pode-se falar que é turrão demais, Urtigão demais, zero charme, e tão cuidadoso nos passos políticos que passa por indeciso. Mas entre todos, é o que passa a impressão mais forte do que o Paraná deveria fazer para colher os frutos que merece. O desafio é transformar essa impressão em votos, diante de tudo isso que aí está.

Vai ter que cantar muito o refrão da música preferida, “Estrada da Vida”, de Milionário e Zé Rico:
“Nesta longa estrada da vida/Vou correndo não posso parar/Na esperança de ser campeão/Alcançando o primeiro lugar…” Eeeeita!

5 COMENTÁRIOS

  1. Fiquei pensando sobre os ídolos do Urtigão. parece que o cara não viu os filmes. Apenas ouviu as frases de efeito.

    Pelos filmes o Churchil era um tremendo pau dágua, beberrão, misógino e meio doido. Tão doido que nem no Partido Conservador que ele representava , queria que ele assumisse a bronca e que pentelhou muito no final da guerra com seeus problemas pessoais.

    Sobre o Obama, melhor voltar para as telas de cinema e ver o Snowden. Passa no Telecine. O cara espionou todo mundo o tempo inteiro. Segurou as buchas de Wall Street e quem pagouo pato la foi a classe trabalhadora que acabou por levar o Trump ao poder.

    Continuo preferindo o Getulio , o JK e o Lula como meu Presidente e Lider favorito. Que fizeram o bem aqui. Que é onde esta o voto que vai eleger ou iria eleger este mané.

  2. O artigo é ótimo, mas o candidato é game over. Perdeu o trem da história e deve buscar outra atividade pra se manter, se é que não está confortavelmente aposentado pelo senado federal o qual confere este privilégio que remonta ao Brasil Império. E falando em passado o seu lhe condena. Aliado de Lula, Dilma e comendo á mesa de Ciro traz ao povo a nítida conclusão que é mais um dos mesmos que estamos em luta pra acabar.

    • Por isso vai perder a Eleição mais uma vez. A chance dele e estar vinculado à Frente de Esquerda que se esta montando em que o PDT inclusive faz parte. Ser nordestino , não é pecado. Ser pilantra sim. escolhe qualquer um dos relacionados pelo ContraPonto numa fila e vê se tem alguém ali com caixa para falar algo do Lula ou do Ciro. Simples assim.
      O PR precisa urgente fazer que nem outros estados da região Sul fizeram em algum momento desde 1982 : tentar uma opção mais avançada além do Requião , que parece ser o limite para o “paranaense mérdio”

  3. Sabe o que me preocupa D Ruth? ZERO comentário até agora. Sou um chato diplomado, mas o tema merece muita reflexão. Principalmente do paranaense médio que a Senhora identifica no Osmar.

    Já disse aqui no ContraPonto que votei no Requião e me arrependi de não ter votado no Osmar. Assim como a Senhora, desta trupe toda vejo nele a vocação para saber trabalhar com aquilo que o Paraná tem de melhor, que é a sua agricultura e pecuária. Que é onde mais eu vejo o zelo e o esforço de quem trabalha e vive no Paraná.
    É no Agro que o Paraná expressa sua vocação. E ate onde vi nenhum dos governadores desde 1987 levaram isso realmente a sério. E 87 era o Osmar o Secretário, mas não A caneta que assina que estava na mão da mala que ele insiste em apoiar. Deve ser coisa de a infância tipo proteger quem é mais fraco. Sei lá. Difícil explicar. Posso ser mal informado, mas os saltos que foram dados foram mais por iniciativas privadas que públicas em termos de iniciativas do estado.

    Em 2018 a chance melhora. Mas umas coisas vão precisar ficar claras. Se ele vincular sua campanha pro governo do PR à campanha do seu irmão, vai perder voto. Aquele paranaense, que o “estadista” Osmar imagina admirar O Obama e o Churchil, vai se esquecer que vive no Brasil que a Tuiutí expos ao mundo. E neste Brasil que vai rolar a eleição. O Álvaro serve como ancora, pois se vai bater no Lula, tem muito mais geme que ele pra fazer, mas a esta altura, mesmo preso, quem ele indicar, ganha. O Carnaval mostrou isso. E a mensagem foi tão clara que a gazeta se eximiu de publicar. Pelo menos ate onde vi.

    O PDT do Brizola tem candidatíssimo a ate ganhar que se chama Ciro Gomes. Então ao Osmar sobra, se ele quer ganhar mesmo, apoiar desde já a Oposição ao bloco reacionário que vai se juntar onde seu irmão vai estar incluído, ou esqueça.
    A menos que o paranaense médio consiga separar o cré do lé e votar nele e em qualquer outro sem achar que é voto anti-Paraná.
    E por falar em Churchil tem 2 filmes dele passando. Seria legal a todos verem, pois é uma lição de tudo. Inclusive de política. Deveria servir para o Osmar aprender a identificar quem é o inimigo a ser vencido. E pode ver o Dunkirk no meio que faz todo sentido.

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