Uma ressaca cívica. Sem civismo

(por Ruth Bolognese) – Depois da votação de ontem o Brasil ficou mais fraco e o governo Temer mais forte. E sabemos que nenhum daqueles senhores votou para manter o chefe do homem da mala no mais alto cargo da República pensando no país, na economia ou coisa assim.

Foi uma concessão ao particular, à sobrevivência na arena política onde é preciso mostrar serviço em forma de um dinheirinho para um prefeito-correligionário aqui, outro acolá. O nome do conluio é Emenda, mas, num trocadilho infame total (o dia é propício pra isso), bem poderia ser Edema, pela origem infecciosa e o perigo de atingir o corpo todo.

E já que entramos na saúde como metáfora, continuemos. O que deixa a boca com gosto de fel e a autoestima jururu é que aqueles homens com discursos veementes, ou nem tanto, tem absoluta certeza que nos enganam quando vêm com o discurso de líderes responsáveis e representam a vontade do povo.

Ora, qualquer brasileiro que consegue fazer um “O’’ com o fundo de uma garrafa sabe que um chefe mandou seu homem de confiança buscar uma mala de dinheiro de um rico açougueiro que, na calada da noite, grava conversas para vantagens futuras. Mesmo assim, o chefe tem o aval da Câmara dos Deputados para conduzir o destino de milhões de brasileiros até Dezembro de 2018 sem dar a mínima justificativa para o crime.

E me vem deputado falar em salvar o Brasil? Vou estender a roupa no varal que o vento já espalha as folhas secas no quintal e a chuva é questão de algumas horas.

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