Uma aliança política é eterna enquanto dura

(por Ruth Bolognese) – Uma aliança política é como um caso de amor: pode durar eternamente ou ser infinita enquanto dura. No caso paranaense, os arranjos bem estruturados entre a família Barros e o grupo do ex-governador Beto Richa duraram o tempo de um diálogo gravado entre um alto funcionário público e um executivo de empreiteira no terceiro andar do Palácio Iguaçu.

E aí, a comparação com um caso de amor ainda continua: numa aliança política vale tudo, menos traição a céu aberto. Se fosse uma pulada de cerca debaixo dos panos, oculta do big público, até valia. Mas entre os dois grupos que comandaram o governo do Paraná nos últimos sete anos a suspeita de corrupção, a investigação do Ministério Público ou a divulgação de um áudio em plena negociata para fraudar concorrência pública, ou tudo isso junto, resvalou para a fatalidade.

Desnudou-se o elo entre a maior empreiteira do País, a Odebrecht, o financiamento da campanha para a reeleição de Beto Richa e a maior obra do governo em 7 anos, uma estrada de 220 quilômetros, PR 323, vital para o Paraná.

A família Barros não pode brincar em serviço quando a governadora-candidata, Cida Borghetti, tem pouquíssimo tempo para se viabilizar na disputa ao governo em outubro. Carregar um ex-governador com suspeita de ter mandado para as cucuias o elemento que conduz todo o aparato de seriedade na gestão pública, a licitação, não estava nos planos. Muito pelo contrário.

Para o grupo Beto Richa dar o caráter de normalidade a uma exoneração sumária do jornalista Deonilson Roldo da fila de cargos que ele acumulava no governo, menos de 24 horas depois da divulgação da suspeita, nunca esteve nos planos. Muito pelo contrário.

Os dois grupos família Barros/Beto Richa podem continuar trocando juras de amor em público, como o fazem alguns casais interessados em manter as aparências por algum tempo com troca de carinhos sem ter fim. Mas, lá no fundo, ambos estocam a primeira grande mágoa com requintes de ódio acumulado, fruto da traição mútua , a divulgação do áudio macabro no caso dos Barros, e a demissão sumária do assessor favorito, no caso de Beto Richa.

E ódio acumulado, como todo mundo sabe, explode fácil com a primeira gota d’água no inverno que se instala.

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