A quem interessa a aliança Osmar-Requião?

A divulgação do vídeo do senador Roberto Requião, em que ele diz ter firmado um acordo com Osmar Dias para a formulação conjunta de um plano de governo para o Paraná, empestou o ar do estado inteiro com o cheiro de enxofre em estado puro. Reações contra esta suposta aliança fumegaram em quase todos os meios – políticos, empresariais e, principalmente, na área do agronegócio.

Requião, cada vez mais isolado e rejeitado por grande parcela do eleitorado, foi oportunista ao insinuar como se fosse montagem de aliança uma conversa normal e informal entre dois políticos.

Osmar tentou restringir as coisas ao espaço de um simples diálogo, como os que tem tido com representantes de praticamente todos os outros partidos. Suas explicações, contudo, foram insuficientes, dado o impacto causado pelo anúncio enfático feito por Requião de que ambos estavam juntando forças para disputar as eleições de 2018.

A quem interessa ver prosperar esta versão?

Interessa unicamente a Requião, que já provou em 2010 dos benefícios de uma aliança igual – ele como candidato a senador na chapa de Osmar candidato a senador. Requião se elegeu senador a duras penas para a segunda vaga em disputa (a primeira foi ocupada por Gleisi Hoffmann), ganhando de Gustavo Fruet, então no PSDB, por uma diferença de apenas 1,5%.

Em compensação, Osmar Dias absorveu a rejeição a Requião e acabou perdendo o franco favoritismo que ostentava sobre o adversário Beto Richa no início da campanha para, ao final, experimentar a sua segunda derrota em duas disputas sucessivas ao governo. Na primeira, perdeu para o próprio Requião por 10 mil votos em razão principalmente dos ataques – do tipo “Ferreirinha” – que sofreu do adversário durante a campanha.

A visão dos que conhecem os meandros da política paranaense, que sabem compulsar e interpretar as pesquisas de opinião e têm sensibilidade para detectar os humores da classe média e das lideranças regionais é a de que quanto mais distante estiver de Requião, maiores serão as chances de Osmar para enfrentar os adversários Ratinho Jr. e Cida Borghetti.

A companhia de Requião espanta de Osmar os que estariam dispostos a apoiá-lo. Obriga-o a permanecer no PDT e, consequentemente, alinhar-se às desgastadas forças da esquerda brasileira, a apoiar Ciro Gomes para a presidência da República e a ser constrangido a se calar diante da candidatura do irmão Alvaro Dias. Fecha as portas para a construção de alianças mais palatáveis e que podem oferece mais do que o PMDB de Requião lhe daria para fazer uma campanha minimamente competitiva – como, por exemplo, tempo no horário gratuito de propaganda eleitoral, presença e capilaridade no interior do estado.

Então, a quem interessa a trama requianista se não ao próprio?

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