O presidente Jair Bolsonaro enfrentou nesta quarta-feira (10) a mais dura manifestação de policiais desde o início do seu mandato. Dirigentes de 24 entidades que representam as mais diversas categorias policiais se reuniram em Brasília para protestar contra o congelamento de salários, promoções e contratações por até 15 anos, prevista na PEC Emergencial, proposta cujo texto-base foi aprovado em primeiro turno nessa terça-feira (9) pela Câmara. Integrantes da União dos Policiais do Brasil (UPB), eles alegam que, embora estejam na linha de frente de combate à covid, não têm sido tratados como categoria de serviço essencial e acusaram o governo de promover desmanche da segurança pública no Brasil nos últimos dois anos.
Os representantes admitiram que grande parte dos policiais votou em Bolsonaro em 2018, acreditando em seu discurso de combate à criminalidade e de valorização dos agentes de segurança pública. Mas hoje, segundo esses dirigentes, boa parte da categoria está decepcionada e desmotivada por entender que o atual governo não tem compromisso com a área nem com o serviço público em geral. Bolsonaro ignorou os apelos dos policiais, intermediados pela bancada da bala no Congresso, para que eles não fossem atingidos pelos efeitos limitantes da PEC Emergencial. A posição do presidente contrariou deputados governistas ligados aos policiais.
O presidente da Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, afirmou que a PF realizou mais de seis mil operações e recuperou R$ 9,6 bilhões desde o início da pandemia e, mesmo assim, é tratada com descaso. “A PEC traz dispositivos desproporcionais. Não é adequado congelar contratações por 15 anos. Neste período, teremos aumento de população, de criminalidade. Como vamos atrair profissionais com congelamento de progressões? Desde 2016 não há reajuste de salários”, criticou.
Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), Marcelo Azevedo, desde a reforma da Previdência o governo tem usado o servidor público para fazer chantagem, como se os funcionários fossem os responsáveis pelos problemas do país. “Colocaram não uma, mas várias granadas no bolso do servidor público. Principalmente da segurança pública. O efetivo hoje já é baixo. Como impedir contratações? Nesse período essas granadas vão explodir. Quem vai sentir os efeitos será o brasileiro. Com queda da qualidade do serviço da segurança pública, a saúde e a educação também são atingidas”, afirmou.
vai editar uma medida provisória retomando o pagamento do auxílio emergencial, entre março e junho. A previsão é que sejam gastos R$ 44 bilhões com um auxílio médio de R$ 250. (Do Congresso em Foco).