A TV Globo do Rio de Janeiro e o Portal G1 voltaram nesta quarta-feira (26) a mencionar empresas, empresários e políticos de Curitiba como participantes dos contratos de prestação de serviços médico-hospitalares firmados com o governo de Wilson Witzel e investigados pela Polícia Federal e Ministério Público.
Os contratos originais tinham sido firmados com a empresa Iabas (Instituto de Atenção Básica de Saúde) e envolviam o pagamento de R$ 770 milhões do governo fluminense para a construção e administração de sete hospitais de campanha para atendimento de pacientes da Covid-19. O grupo Hygea, de Curitiba, ligado ao advogado Roberto Bertholdo e ao vereador Pier Petruzzielo, foi terceirizado pelo Iabas para fornecer médicos e profissionais de apoio a estes hospitais ao custo de R$ 133 milhões.
A Globo Rio, no telejornal RJ2, noticia agora que um hospital do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que deveria ser administrado pelo Iabas, foi transferido para o Hygea sob suspeita de ter sido beneficiado por uma articulação política que teve à frente o advogado curitibano Roberto Bertholdo, representante do Iabas perante a gestão Witzel.
Veja o que diz o Portal G1 e, ao final, o vídeo produzido pela Globo Rio:
Hospital de Saracuruna tem nova gestão com suspeita de indicação política
Empresa Hygea Gestão e Saúde já prestou serviços para o hospital durante o comando do Instituto Iabas.
Por Anita Prado, Larissa Schmidt e Paloma Piragibe, RJ2
Com a saída do Instituto Iabas, a administração do Hospital Adão Pereira Nunes — conhecido como Hospital de Saracuruna — foi repassada do estado à prefeitura de Duque de Caxias e, mesmo assim, a gestão hospitalar permaneceu nas mãos de uma empresa suspeita de indicação política.
Um ato de dispensa de licitação para um contrato emergencial foi publicado no Diário Oficial do município desta segunda-feira (24). Com um contrato de R$ 64 milhões, a empresa prestadora de serviços médicos escolhida para atuar na unidade foi a Hygea Gestão e Saúde.
A empresa já prestava serviços no hospital quando o Instituto Iabas ainda estava no comando da unidade.
Com a abertura de 72 novos leitos de CTI adulto para pacientes com Covid-19, ela foi subcontratada pela organização social durante a pandemia do novo coronavírus para fornecer mão de obra médica. Apesar disso, funcionários contaram que a empresa só forneceu mão de obra para ⅓ da capacidade.
Apesar desse problema, a Hygea voltou ao hospital como responsável pela contratação de toda a parte médica do hospital. Com as mudanças na gestão da unidade, o quadro de funcionários sofreu alterações que afetam profissionais da Saúde que trabalham no local há anos. Muitos deles foram demitidos.
A empresa, que tem sede em Curitiba, chegou a ser condenada pelo Tribunal de Contas do Paraná a devolver dinheiro após uma contratação irregular por dispensa de licitação pelo município de Morretes. A condenação, no entanto, foi revogada e a empresa foi absolvida das penalidades.
Entre os diretores da empresa está Thiago Gayer Madureira, que é médico e empresário de Curitiba. Ele é amigo de infância do vereador Pier Petruzzielo (PTB), ex-genro de advogado Roberto Bertholdo (foto).
Bertholdo é apontado como um dos líderes do Instituto Iabas no Rio e esteve à frente de contratos que estão no centro da investigação envolvendo o governador Wilson Witzel.
Indicação política
Médicos e enfermeiros da unidade também afirmaram ao RJ2 que pessoas indicadas por políticos passaram a trabalhar no Adão Pereira Nunes, mesmo sem experiência na área.
“Tá entrando (sic) pessoas completamente despreparadas, profissionais sem experiência, somente por conhecimento político. Você vai lá, conhece o político, começa a fazer parte do hospital, garantindo voto para determinado político”, denunciou um funcionário.
Uma outra funcionária relatou que os novos contratados não fazem nem prova e sequer têm experiência.
“Todos que estão entrando chegam lá e comentam com a gente que é mais antigo que foi indicação política, que procurou o prefeito Washington Reis e foi indicado. Inclusive todos que entraram até o momento comentam que não fizeram prova, não fizeram nada. Tem alguns que nem experiência tem”, disse a funcionária.
Uma conversa gravada por um funcionário com uma nova colega reforça as indicações.
Funcionário: Você foi indicação de quê? Vereador, deputado?
Mulher: Vereador, mas eu não fico contando isso aqui, não!
Funcionário: A prova de vocês foi difícil?
Mulher: Teve prova, não, menino! A gente não teve prova.
O que dizem os citados
Roberto Bertholdo disse desconhecer o documento do Iabas que afirma que ele é o responsável pelo hospitais de campanha.
O vereador curitibano Pier Petruzzielo disse ignorar quaisquer contratações ligadas ao seu nome.
Thiago Gayer Madureira disse que nunca foi sócio de Pierpaolo Petruziello, que é amigo de infância do vereador e que nunca teve relação com o ex-sogro dele. Além disso, disse que a contratação das empresas se deu pela área técnica do grupo e foram validadas pelo governo do Rio.
O grupo Hygea alegou que prestou serviços de mão-de-obra médica para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, via Iabas, no período de maio a julho deste ano e que o número de leitos atendidos foi reduzido a pedido da Diretoria Técnica do Iabas.
O grupo disse também que participou de tomada de preços realizada pela Prefeitura Municipal de Duque de Caxias para a prestação de serviços de mão de obra médica no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, mas que nunca forneceu mão-de-obra administrativa, técnica ou de enfermagem na unidade.
Por fim, o grupo Hygea informa que possui um programa de compliance que assegura sua atuação ética e transparente para unidades hospitalares públicas e privadas, não havendo espaço para quaisquer tipos de influência política na seleção e contratação de seus médicos.
Bertholdo sempre teve bons advogados e bons resultados em suas demandas, desde a operação Furacão e o caso da CC5 ele sempre sai ileso. O cara é uma lenda. Foi capa da IstoÉ por seus feitos. Uma história de filme mesmo. O Moro que o diga.