Os Exércitos do Brasil e do Paraguai farão um exercício conjunto inédito na usina hidrelétrica de Itaipu, na quinta-feira (3), envolvendo mais de 250 militares, 30 blindados, seis embarcações e três helicópteros. Haverá ações simultâneas em diferentes pontos da usina, a partir das 10h. O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, deverá acompanhar as atividades, de acordo com informações confirmadas pelo 34º Batalhão de Infantaria Mecanizado (34 BI Mec) com o comando das Forças Armadas do Paraguai.
A movimentação faz parte da Operação Paraná II, que ocorrerá de 29 de setembro a 3 de outubro em Foz do Iguaçu, Itaipulândia, Medianeira e Missal. Trata-se de um exercício combinado com o objetivo de ampliar a interoperabilidade (capacidade de comunicação), o intercâmbio e a amizade entre os Exércitos do Brasil e do Paraguai.
Na Itaipu, a ação conjunta terá como ponto de partida uma ocupação hipotética da usina por forças hostis. As tropas especiais dos Exércitos brasileiro e paraguaio farão, então, uma operação coordenada para retomar o controle da usina e expulsar os invasores.
“Esperamos que uma situação como essa nunca venha a ocorrer na realidade. Mas, brasileiros e paraguaios sempre poderão provar que a união dos dois países e povos está acima de qualquer ameaça, real ou virtual”, afirmou o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna. “E o nosso bem maior comum é exatamente a usina de Itaipu, uma conquista de nossa gente, um legado grandioso que temos que preservar e saber utilizar”, completou.
O diretor-geral paraguaio, Ernst Bergen, destacou a importância da atividade, levando em conta a segurança da usina e sua localização estratégica como peça fundamental de integração entre os dois países. “Apesar de trabalhamos dia a dia para que Itaipu seja um empreendimento de pacificação entre nossos povos, também trabalhamos para contar com protocolos de contingência para fazer frente a eventuais situações imprevistas. Por isso é importante estar sempre preparados”, assinalou.
As ações estão previstas nas margens do Rio Paraná, próximo ao vertedouro, na ilha do Canal de Desvio, em vias internas da usina – entre outros pontos. Uma estrutura será montada no topo da barragem (cota 225) para que autoridades acompanhem a movimentação.
Será a primeira vez que tropas brasileiras e paraguaias atuarão conjuntamente, em exercício simulado, na defesa da usina de Itaipu – considerada uma estrutura crítica de segurança, responsável pelo atendimento de 15% da demanda de energia elétrica do Brasil e de 90% do Paraguai.
“Poderemos mostrar (os Exércitos de Brasil e Paraguai) a nossa capacidade de, se for necessário, operarmos juntos e defendermos esse patrimônio importantíssimo para os dois países”, disse o comandante do 34 BI Mec, com sede em Foz do Iguaçu, tenente-coronel Marcelo Pontes.
O superintendente de Segurança Empresarial de Itaipu, coronel Alfredo Santos Taranto, lembrou que o Exército brasileiro tem uma longa história de cooperação militar com o Exército do Paraguai, que começou em 1941 com a organização de cursos de formação.
De 1942 a 1994, foi constituída a Missão Brasileira de Instrução no Paraguai, que deu origem em 1996 à Cooperação Militar Brasileira no Paraguai, ainda em vigor. “Temos laços fortes [com o Exército do Paraguai]. São mais de 75 anos de trabalho conjunto”, afirmou o superintendente.
Em 2017, na Operação Paraná I, as operações simuladas conjuntas ocorreram no Oeste do Estado. Os dois Exércitos reuniram uma companhia de fuzileiros mecanizada formada por 120 homens, em operações ofensivas e defensivas em municípios da região.
Rotina alterada
O exercício militar na Itaipu e vai alterar a rotina da empresa e exigir de empregados, colaboradores e fornecedores um cuidado especial, especialmente nas vias internas da usina. A pista da cota 225 (topo da barragem) será interditada de 30 de setembro a 4 de outubro, para a montagem do palanque principal e outras estruturas.
A movimentação mais intensa começa no dia 2 de setembro, véspera da operação, quando os militares farão o reconhecimento do espaço e ensaios completos. Equipes da Segurança Empresarial vão coordenar o trânsito, balizamentos e a escolta dos veículos pesados.
No dia 3 de outubro, data da operação, não haverá passeio turístico dentro da usina e a circulação de veículos particulares será restrita. A orientação é que das 9h45 às 11h30 os empregados não saiam dos escritórios e deixem as pistas liberadas. “Será preciso redobrar o cuidado com o trânsito nesse período”, alertou Taranto. (Da Assessoria de Imprensa da Itaipu).