Deputados citados na Operação Quadro Negro asseguram que não fizeram nenhuma manobra para que a devolução de recursos da Assembleia para o orçamento geral do Estado tivesse como destino facilitar os trambiques de desvio de verbas da Educação. O argumento deles é de que o dinheiro devolvido naqueles “checões” emitidos pela Assembleia iria para o caixa-único administrado pela secretaria da Fazenda, sem nenhuma possibilidade de direcionamento.
Não é o que dizem investigadores que analisaram o caminho do dinheiro a partir da delação do dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza – o homem que pegava aditivos para obras de escolas que nem tinham saído do chão, em conluio com o ex-diretor da Educação Maurício Fanini – facilitador, beneficiário e distribuidor dos recursos desviados.
Fontes da operação ouvidas pelo Contraponto identificaram no Diário Oficial do Estado uma transferência de rubricas de verbas especialmente feita para permitir que o governador Beto Richa assinasse, de uma vez só, seis aditivos que aparentemente favoreceram o direcionamento para obras da construtora Valor. A movimentação foi decidida pela Resolução 1.348, publicada no D.O. de 28 de novembro de 2014 (fac-simile abaixo). No dia 3 de dezembro, isto é, cinco dias depois da publicação do ato, Beto Richa assinou os aditivos, após ouvido o Conselho de Gestão Fiscal e Administrativo do Estado.
Em sua delação premiada, Eduardo Lopes de Souza descreveu como ele agiu para que os aditivos fossem liberados. Aconselhado por Mauricio Fanini, ele conta ter apelado para a influência do deputado Plauto Miró Guimarães, já na época 1.º secretário da Assembleia Legislativa. Como “não havia previsão orçamentária para esses aditivos serem pagos em 2014, então foi necessário fazer tratativas com a Secretaria da Educação”. Foi quando, segundo o delator, Plauto teria movido meios para que a servidora Marilane Fermino (Mari) redirecionasse outras previsões orçamentárias para direcioná-las para aditivos em favor da construtora Valor, após negociação com o então secretário da Fazenda Luiz Eduardo Sebastiani.
O deputado Plauto Miró Guimarães nega qualquer envolvimento nestas supostas tratativas.