Por Cláudio Henrique de Castro – Foi realizada uma auditoria arrasa-quarteirão no Futebol Clube do Porto de Portugal. As descobertas são formidáveis.
De cinquenta e cinco negócios, destacam-se seis transações de jogadores que geraram prejuízos astronômicos.
Wilson Manafá, que somou 130 jogos pela equipe principal, foi comprado por três milhões de euros por 60% do passe, mais quatro milhões de euros pelos restantes 40%, num total de sete milhões. Saiu do clube a custo zero.
Bruno Costa vendido ao Portimonense por dois milhões, regressou um ano e meio depois por 2 milhões e meio por 50% do passe, também saiu com zero de lucro. Samuel Portugal, o único que continua no plantel, o FC Porto investiu um milhão em 20% do passe, depois 1 milhão em meio por mais 35%, e mais 1 milhão e meio por outros 35%. Pagou quatro milhões de euros por 90% do passe. Até agora o goleiro não jogou no time.
Por Rui Costa o Porto pagou 1,5 milhões de euros por 50% do passe, ele jogou apenas pela equipe B, saiu a custo zero, dois anos depois.
Musa Yahaya, nigeriano, custou 750 mil euros por 45% do passe, quando estava avaliado em 75 mil euros. Saiu quatro anos depois a custo zero.
Gleison Moreira, custou um milhão de euros por 50% do passe, quando o valor do mercado era de 25 mil euros. Jogou apenas na equipe B, foi sucessivamente emprestado e vendido de volta ao Portimonense 100 mil euros pelos mesmos 50% do passe.
Destacam-se as comissões de intermediação muito acima dos referenciais da FIFA. Na compra do jogador Chancel Mbemba ao Newcastle, custou 4,5 milhões de euros, acrescidos de uma comissão de três milhões de euros pagos à entidade Pilgrim Holland. Também saiu a custo zero.
O jogador brasileiro, Éder Militão, cujo passe custou sete milhões, as comissões foram de três milhões. Na venda ao Real Madrid por 50 milhões de euros, 9 milhões e meio foram para intermediários.
Além disso foram descobertas irregularidades que chegam a 58,6 milhões de euros em comissões, no período entre as temporadas 2014/2015 e 2023/2024.
O relatório foi parar nas mãos do Ministério Público e da Autoridade Tributária portuguesa (SIC).
Tudo isso demonstra uma profunda ausência de transparência no mundo do futebol. Com o argumento de que o negócio é privado, os torcedores, os sócios e o público em geral nunca ficam sabendo dos bastidores milionários das transações das compras, vendas e empréstimos de jogadores.
O futebol é patrimônio imaterial, essencialmente de direito público, e por isso não pode conter sigilos. Mas na prática, ninguém fica sabendo dessas transações.
A CBF, a FIFA e os clubes brasileiros deveriam passar também por uma auditoria para sabermos, quem são os dirigentes-empresários de jogadores e até que ponto as transações são feitas para o bem dos clubes ou se na verdade, interessam a um seleto grupo de espertalhões.
A auditoria do Futebol Clube do Porto de Portugal é um grande alerta para o Brasil e para o mundo da Bola.