William Waak e a chance de ficar calado

(por Ruth Bolognese) – Lá pelos anos 80, como repórter do Jornal do Brasil, vi William Waak uma vez só, na redação do Rio, quando os editores chamavam os correspondentes nacionais para mostrar o quanto eram os jornalistas mais inteligentes, bem informados e safos do mundo. E a gente ia, oras.

Numa rodinha de conversa, Waak chegou com seus 2 metros de altura e status de correspondente na Alemanha, interrompeu todo mundo e disse: “sou o jornalista que mais entende de energia nuclear no Brasil”. Era um assunto muito superior para quem, como eu, estava habituada a cobrir produção de feijão preto, abate de frango e dança do fandango de Morretes.

De boca calada, pensei em me curvar como faziam os caingangues diante do colonizador branco e gritar: “Xamã”. Mas, pelo canto do olho, deu pra ver que a competência de Waak era proporcional à arrogância.

Quase 30 anos depois, o vídeo que circula pela Internet é estarrecedor. Como um jornalista-cidadão do mundo, de cabelos brancos, forjado na convivência com tanta informação, faz um comentário tão idiota e desnecessário como aquele, ainda mais perto do entrevistado?

Talvez a arrogância explique. Sabe-se lá.

1 COMENTÁRIO

  1. Ah Ruth bons tempos do JB. Aprendi a ler jornal , com o JB. E a tentar entender politica lendo o Castelinho e o Villas Boas Correa. Bons tempos. Lembro do Waack desta época. Cheguei a comprar e ler um livro dele sobre o Solidariedade , quando ele fez uma viagem àquela Polonia do Lech Walessa. Outros tempos. E o cara não aprendeu nada,de la pra ca.
    Arrumou o pior patrao . Agora vai pra vala comum . Com um comentário nada sofisticado. Época ruim pra estes ídolos de pés de barro.

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