Se você está espantado com a dimensão e com a influência do WhatsApp nas eleições de ano, com seu enorme poder e simplicidade com que faz a cabeça dos eleitores e com a capacidade que demonstrou para influir nos resultados eleitorais, espere mais um pouco. Isto será ficha em mais (um breve tempo), quando estiveram dominadas as técnicas de de inteligência artificial.
Por quanto, que se viu foram mensagens de texto e figurinhas espalhadas aos milhões e em velocidade espantosa difundindo fake news sobre candidatos adversários. Tomou importante e poder de influência de veículos de massa, como rádios, televisões, jornais. A tal ponto que um candidato que tinha apenas 7 segundos de espaços na propaganda eleitoral de TV “está com uma mão na faixa”, como ele mesmo diz, quanto que outro, que enchia metade do tempo amargou um quarto lugar.
Está comprovado que televisão e os meios tradicionais deixaram de ser os os melhores veículos para propagação rápida, instantânea, de propaganda propositiva ou de malediências e fake news com megatons suficientes para desconstruir adversários. O WhatsApp demonstrou que ele sim – um simples aplicativo de celular para enviar textos, filminhos e figurinhas, mas que já se demonstrou capaz de fazer estragos sem tamanho.
Agora imagine o cenário que o professor Avivi Ovadya pintou dias atrás para os circunspectos ministroa do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília.
Pesquisador da Universidade de Colúmbia, Estados Unidos, ele alertou que o problema das fake news são “um passeio” frente ao que poderá ser feito em eleições próximas com ajuda de tecnologias mais avançadas, como a inteligência artificial.
Aviv se dedica a estudar processos de falseamento da realidade que podem levar as sociedades contemporâneas a um verdadeiro “Infocalipse”, termo cunhado por ele, informação misturada com apocalipse.
Vai chegar o dia em que estes recursos serão massificados da mesma forma que o WhatsApp se popularizou. Com a diferença dantesca de que usará vídeos que manipulam a voz real de um político dizendo algo que ele jamais disse; robôs que enviam milhares de emails para um político a fim de pressionar pela aprovação de uma lei, dando a impressão de que há apoio popular; algoritmos de aprendizado de inteligência artificial para criar vídeos em que a cabeça de qualquer pessoa é interposta sobre um corpo – pode ser a de um político inserida num filme pornô ou em uma manifestação de black blocs. Tudo isso com uma aparência tão realista que pode ser tomada como verdade incontestável por qualquer pessoa.
O resultado, diz Ovadya, é que a democracia estará em jogo; a capacidade das pessoas de reagir a tantas mentiras bem-feitas também pode chegar a quase zero. Seria o efeito da “apatia” – os cidadãos deixariam de tentar entender o que é real e o que é inventado.
Pior de tudo e que justifica o termo apocalipse: são os valores da democracia que serão subvertidos.
Uma boa leitura complementar para o assunto é o livro “21 LIÇÕES PARA O SÉCULO 21”, de Yuval Noah Harari. Há outros tão significativos quanto, mas, efetivamente, devemos ficar atentos a isso.