A estatal paranaense Ferroeste e a concessionária privada Rumo estão em pé de guerra.
A Ferroeste diz que está morrendo à míngua porque a Rumo tenta sufocá-la. A Rumo dá de ombros e diz que ajudar a Ferroeste é a mesma coisa que vestir um santo e desvestir outro.
Esta pendenga, já antiga, chegou ao nível judicial. Tramita na 4.ª Vara da Fazenda Pública uma petição da Ferroeste para obrigar a Rumo a dar condições de tráfego e equipamentos para garantir eficiência operacional à interligação entre os trilhos das duas empresas.
Vamos às recordações: a Ferroeste foi construída com recursos do governo do Paraná no início dos anos 1990. Ela é apenas um trecho de 270 quilômetros de trilhos ligando Guarapuava e Cascavel. A intenção sempre foi a de dar uma alternativa ferroviária ao transporte de cargas de origem agropecuária da grande região produtora do Oeste com destino ao Porto de Paranaguá.
Acontece que, de Guarapuava em direção a Paranaguá, há um ramal ferroviário explorado pela concessionária Rumo, que substituiu a antiga Rede Ferroviária Federal na operação integral da Ferrovia Central do Paraná.
Esta, justamente, é a pedra no meio do caminho: o pequeno ramal Desvio Ribas, entre Guarapuava e a Central do Paraná, íngreme e cheio de curvas, é também de responsabilidade da Rumo. Os trens da Ferroeste precisam transitar por este trecho para chegar ao tronco principal da Central do Paraná.
Portanto, a Ferroeste depende da boa vontade da Rumo que, em tese, deveria oferecer à Ferroeste todas as condições de tráfego para seus comboios. Mas isto nunca aconteceu na medida necessária. E estaria ficando cada vez pior, a ponto de tornar praticamente inviável e anti-econômica a operação da Ferroeste. Dadas as dificuldades, os produtores do Oeste, do Paraguai e do Mato Grosso do Sul continuam preferindo o transporte por caminhão a optar pelos trilhos da Ferroeste. Apesar do pedágio, o transporte rodoviário ainda fica mais barato, rápido e seguro.
O volume de cargas pela Ferroeste vem diminuindo ano a ano. E a culpa, segundo a estatal, é da Rumo, interessada em sufocar a Ferroeste para, no futuro mais breve possível, assumir a concessão também do trecho Guarapuava-Cascavel.
A Rumo discorda da acusação de sabotagem. E se defende na Justiça afirmando que, para ajudar a Ferroeste, teria de desviar máquinas e equipamentos para cobrir o trecho de Guarapuava até encontrar a Central do Paraná, desfalcando a operação da ferrovia que atende as regiões Norte e Noroeste do Paraná, também grande produtora de grãos e combustíveis que precisam chegar a Paranaguá.
Ah! e tem mais um detalhe a ser explicado nos próximos capítulos: a Ferroeste cobra da Rumo uma indenização de R$ 25 milhões por supostas perdas no volume de cargas provocadas pela sabotagem.