Trens andam com velocidade de ciclista

Os trens que saem de Cascavel usando a curta estatal Ferroeste para chegar a Guarapuava e, daí em diante, se encontrar com a Central do Paraná para chegar a Paranaguá, andam a uma velocidade “estratosférica” – 12 quilômetros por hora! São mais vagarosos do que um ciclista, diz o engenheiro ferroviário Paulo Ferraz, veterano profissional que a vida toda trabalhou na extinta Rede Ferroviária Federal (RFF).

Pra se ter ideia do “desperdício” de tempo: quando um comboio sai de Cascavel e chega a Guarapuava, menos da metade do caminho, caminhões que partiram do mesmo lugar já estão descarregando suas cargas nas moegas do Porto de Paranaguá!

Este é um dos argumentos que usa para se alinhar entre os que defendem a construção de uma nova linha férrea que, a partir de Guarapuava, segue outro trajeto mais retilíneo e moderno para chegar ao litoral cortando a Serra do Mar em pontos de baixo impacto ambiental. Com tal providência, evita-se a dependência das linhas da Central do Paraná administradas pela concessionária Rumo e das quais faz parte ainda a centenária ferrovia Paranaguá-Curitiba – obra extraordinária mas já vencida pelo obsoletismo.

Ferraz defende uma nova ferrovia que, saindo de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, atravesse a divisa com o Paraná e se encontre com a Ferroeste em Cascavel e, daí, até o Porto, evitando todos os gargalos da dependência com a Central do Paraná. Seriam mais de 1 mil quilômetros de ferrovias capaz de escolar grande parte da produção do MS e do Oeste do Paraná.

Audiências públicas estão se realizando em várias cidades afetadas pelo projeto, com a participação, principalmente, das principais interessadas – as cooperativas agropecuárias, responsáveis pela maior parte da produção e exportação de grãos das duas regiões.