O presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, desembargador Xisto Pereira, escolheu a dedo os magistrados que representaram o judiciário estadual na reunião destinada à discussão e apresentação de sugestões ao pacote anticrime formulado pelo ministro Sergio Moro e que prevê medidas severas contra a corrupção, o crime organizado e os crimes praticados com grave violência.
Foram designados para o encontro o desembargador José Maurício Pinto de Almeida, da 2.ª Câmara Criminal do TJ, e o juiz Fernando Bardelli Fischer, que responde pelas 9.ª e 13.ª Varas Criminais de primeiro grau.
A escolha não foi aleatória: os dois magistrados são conhecidos pela atuação rigorosa na área criminal da Justiça. José Maurício é autor de decisões de grande repercussão pública, como as condenações que impôs a Abib Miguel (o Bibinho) e outros servidores da Assembleia Legislativa envolvidos na Operação Diários Secretos. É dele também a relatoria da Operação Quadro Negro, que investigou desvios de recursos na área da Educação.
Já o juiz Fernando Fischer é o encarregado de conduzir as ações penais da Rádio Patrulha e também da Quadro Negro no âmbito do primeiro grau. Foi dele a decisão de expedir mandados de prisão contra o ex-governador Beto Richa e outras importantes figuras da alta administração pública paranaense, além de empresários que pagavam propinas para obter vantagens em contratos com o governo.
O encontro foi convocado pelo ministro do STJ Herman Benjamin, diretor geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, e foi aberto com palestra de Sergio Moro na quinta-feira (14).
Após um dia de debate, 40 desembargadores e juízes de todo o país aprovaram integralmente o pacote anticrime. As sugestões que fizeram tiveram apenas o sentido de tornar mais claros alguns dispositivos e acrescentar outros, que não chegaram a alterar o conteúdo do projeto de lei que o presidente Jair Bolsonaro deve encaminhar ao Congresso nos próximos dias. O resultado das discussões já foi entregue à apreciação do ministro Sergio Moro.