(por Ruth Bolognese) – Enquanto a Operação Quadro Negro prossegue pelas vias legais, instalando mais pânico nos círculos do poder do que zumbi em criança, uma outra operação vai se construindo dentro do governo de Beto Richa para abafar tudo e mais um pouco. É o efeito Temer, que vende o Brasil para permanecer em Brasília, reprisado por aqui.
Nas últimas 48 horas entrou em cena um personagem que, segundo as investigações do Ministério Público, teria construído os primeiros alicerces do esquema de desvio de recursos da Fundepar (reformas e construção de escolas públicas) para a campanha de reeleição do então candidato Beto Richa. Agora o empenho é conter a Operação Quadro Negro, já homologada pelo ministro do STF Luiz Fux, e em curso também no Superior Tribunal de Justiça, redutos do foro privilegiado.
O personagem procura meios para mudar a versão de depoentes e salvar a cúpula de nomes acusados pelo MP: governador Beto Richa, chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, presidente da Assembleia, Ademar Traiano e deputados Plauto Miró e Tiago Amaral, entre outros funcionários públicos de alto escalão. Conta, também, com algumas mudanças influenciadas pelo governo Beto Richa no grupo de investigadores do MP, que poderiam, em tese, amenizar todo o processo.
Nada indica, porém, que toda essa operação palaciana terá êxito. Três dias após a revelação da existência de uma possível delação do deputado e primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, Plauto Miró Guimarães, nada foi feito para desmenti-la. O silêncio de Plauto está se tornando cada dia mais ensurdecedor.
E na parte mais complexa, convencer um investigado que ele deve assumir a culpa por crimes de terceiros e aguardar na cadeia, por anos, a ajuda externa dos “companheiros” , é tarefa quase impossível. Que o diga o ex-ministro Antônio Paloci e muitos outros.
Na luta para manter o poder, o Paraná imita Brasília e um presidente , Temer, que bate todos os recordes históricos de impopularidade e rejeição.