Tem um Banestado na vida pregressa do ‘véio da Havan’

O empresário Luciano Hang, dono da rede Havan, começou a vida como tecelão de uma indústria têxtil de Brusque (SC), sua terra natal. Depois virou gerente e, com talento para negócios, fundou seu próprio comércio dando-lhe o nome de Havan – união das iniciais do sobrenome Hang com o prenome do sócio Vanderlei Limas, com quem rompeu após denunciá-lo à polícia de desviar mercadorias. Daí para se envolver no caso Banestado foi um pulo.

A denúncia contra o sócio nunca foi comprovada, segundo uma curiosa biografia sobre o empresário publicado pela revista piauí e reproduzida na íntegra pela Folha de S. Paulo.

Segundo a revista, entre processos movidos pelo Ministério Público e Receita Federal e condenações pela Justiça por sonegação e falsificação de documentos, a Havan foi crescendo sem parar nos últimos 30 anos. As duas lojas inaugurais de Brusque e em Curitiba se multiplicaram; hoje já são quase 150 em quase todos os estados brasileiros. E Hang é, atualmente, a 10.ª maior fortuna entre os brasileiros, com uma fortuna estimada em mais de R$ 20 bilhões segundo a Revista Forbes.

A carreira empresarial do excêntrico Luciano Hang – só se veste de verde-amarelo e defende posições bolsonaristas com veemência – tem uma passagem pouco conhecida e que o vincula a um processo que se tornou conhecido como Caso Banestado – um mega esquema de lavagem e transferência de dinheiro para paraísos fiscais. A piauí conta essa história numa reportagem intitulada O Patriota e assinada pelo jornalista Roberto Kaz:

havan

Em 2007, Hang voltou a ser condenado por sonegação, desta vez com pena de dois anos e seis meses em regime aberto, por ter usado seu primo, Nilton Hang, hoje sócio da Havan, para fazer remessas ilegais ao exterior.

O esquema era assim: Nilton depositava nas contas de dois laranjas – Marcos Irineu de Souza e Valdete Pereira dos Santos – que, por sua vez, remetiam os valores para contas no Paraguai. Em dois dias de 1997, por exemplo, depositou para os laranjas cheques que variavam de 31 mil a 50 mil reais (nessa época, ele tinha um salário de 1,5 mil reais mensais).

“Todos os cheques emitidos por ele foram preenchidos à máquina de escrever, prática inusual na movimentação da conta corrente de pessoa física”, dizia a acusação do MP. O caso ficou sete anos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), até que prescreveu em 2015.

Em 2008, Hang teve uma terceira condenação, bem mais pesada: foi sentenciado a treze anos e nove meses de prisão por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Nesse caso, usava uma agência do antigo Banestado, o banco estadual do Paraná, para enviar dinheiro não declarado ao Uruguai, de onde os valores eram repassados para contas-fantasma nos Estados Unidos.

O processo subiu para a segunda instância, onde a pena foi reduzida para dez anos e dez meses. Depois disso, ficou mais cinco anos no STJ, até prescrever, em 2016. Assim como num processo anterior, de sonegação, Hang não precisou cumprir a pena a que fora condenado.

Foi salvo por sua banca de advogados, que incluía o criminalista Nabor Bulhões e o ex-ministro da Justiça do governo Lula, Marcio Thomaz Bastos.

[…]

Em 2016, Hang começou a deixar a discrição de lado, forçado pelas fake news espalhadas, ironicamente, inclusive por militantes da direita e do antipetismo. Gravou uma série de vídeos publicitários para desmentir os boatos, então em voga, segundo os quais a Havan pertencia: 1) “ao filho do Lula”; 2) “à filha da Dilma”; ou 3) “ao bispo Macedo”. No vídeo, veiculado na televisão, Hang explicava, em tom amistoso: “De quem é a Havan? A Havan é minha, é sua, é da família, é do Brasil.”

No ano seguinte, quando inaugurou a centésima loja, no Acre, seu tom já havia subido uma oitava. “Quando vejo alguém falando mal da Havan, normalmente é petista”, declarou, em entrevista ao Diário Catarinense. “Eu não comungo com a ideologia deles, soltei foguete quando o Lula foi condenado.”

2 COMENTÁRIOS

  1. Então o Moro já conhecia o financiador do Bolsonaro há muito tempo! A pessoas tem sua integridade construída tijolo por tijolo.
    Sabem porque quase nenhum produto da linha branca tem fabricação nacional? Além da agressividade do mercado chinês, os benefícios fiscais na importação, dados aos amigos do rei, eliminaram a fabricação nacional, deles só a marca! Sai mais barato trazer da China do que fabricar no Brasil, criando empregos chineses e acabando com os nossos. Os produtos chineses sem impostos, já os fabricados aqui 35% de carga tributária, adicionemos a isso os loucos e ignorantes no governo! Citei a China, mas pode ser de qualquer pais….

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