Só restou a Margarita

(por Ruth Bolognese)  –   Curitiba elegeu Rafael Greca prefeito, mas votou na saudade. Pura carência dos anos Lerner & Cia no qual o coroinha sabido e bem falante se inseriu, projetou-se e traiu. Os mais velhos votaram com os olhos vendados pela ilusão da juventude, onde Curitiba apresentava uma ideia genial de urbanismo a cada três dias. Os mais novos, porque ouvem isso até hoje.

Aos olhos do curitibanos, portanto, Greca se tornou herdeiro daqueles anos mágicos, onde todo mundo tinha cabelos fartos, ereção e comia muita batatinha com sal. E com razão. Por amor ao próprio legado, Jaime Lerner chamou seus  homens e  mulheres de confiança e simplesmente continuou administrando a cidade, enquanto o “prefeito” Greca divertia gregos, judeus e troianos com suas tiradas inesquecíveis.  

Quase 30 anos depois, sumiram os cabelos, adeus fritas salgadas e o viagra salva vexames em série de quem permanece vivo. Greca até que “chamou, chamou” por socorro, mas o último dos grandes nomes do passado que respondeu, Lubomir Ficinski, 87 anos, foi embora há menos de um mês. Jaime Lerner, o pai de todos, vive, mas cadê a coragem de contrariar Fanni, que carregou em silêncio a mágoa da traição de Greca?

Foi embora também o coroinha engraçado e deu lugar a um sexagenário muito, muito obeso, que de vez em quando solta um piparote de amor a cidade. Restou-lhe Margarita e a prova de que o tempo passou: nesse inverno de arrepiar ela sequer se lembrou dos  carrinheiros que dizia conhecer pelo nome quando era a poderosa Evita, presidente da FAS.

Agora caímos na real: nem Greca sabe direito o que fazer com a cidade e nem a cidade sabe o que fazer com Greca e Margarita. Só por Deus.

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