Sergio Moro e a tentação das celebridades

(por Ruth Bolognese) – Todo presidente recém-eleito tem uma queda por celebridades para compor ministérios. Quem não lembra de Fernando Collor de Mello convidando a dama master do teatro brasileiro, Fernanda Mantenegro, para ministra da Cultura? Ela refugou, solenemente. FHC conseguiu nomear o rei Pelé para os Esportes e Lula teve Gilberto Gil.

É uma temeridade. E para os dois lados. O eleito Jair Bolsonaro quer ninguém mais, ninguém menos, do que o juiz Sérgio Moro para ministro da Justiça ou ministro do STF. Sorriso vai, cumprimentos vêm, e Moro deixa no ar que pode, em tese, aceitar.

Na real, se Sérgio Moro se deixar levar, num primeiro momento, carrega um container de credibilidade e de fé no novo governo. Num segundo momento, vai se deparar com elementos desconhecidos para um juiz de primeira instância, sem experiência política e com tão pouco jogo de cintura que bambolê desce direto e reto. E tem a burocracia inerente a todo governo, as pressões parlamentares, a luta por cargos, a falta de recursos, etc etc.

Pode dar certo? Pode. Gilberto Gil foi bem. Pelé, e depois Zico, nunca serão lembrados como ministros. Para Sérgio Moro é um risco do tamanho de um bonde. Uma roleta russa que, se der bala, em pouco tempo o juiz símbolo da Lava Jato se transforma num ex-ministro para sempre. E se for para o Supremo Tribunal Federal, como também quer Bolsonaro? Aí é diferente. É a cara dele.

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