O ex-governador Beto Richa não é ingênuo. Além disso, sempre foi muito bem assessorado por advogados competentes e de renome. Portanto, ele sabia desde sempre que, deixando o Palácio Iguaçu e, consequentemente, perdendo o foro privilegiado, inquéritos que atualmente tramitam nos tribunais superiores desceriam para a primeira instância. É que pode acontecer agora.
Há vários “lá em cima”, em Brasília, em que Beto é citado. Por exemplo: Operação Quadro Negro. Ou ainda aquela outra do Ministério Público Federal (MPF), a Operação Superagui, que detectou indícios fortes de suposta participação do governador e família em processo de licenciamento ambiental para um empreendimento privado no litoral, favorecido por servidores do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Richa já classificou este caso como uma “ilação insana”.
Mas tem também a Operação Publicano, que embora sustada no STJ por ordem de Gilmar Mendes, prossegue na justiça comum de Londrina. Sem falar da Operação Integração, deflagrada em fevereiro também pelo MPF, e que, entre outros efeitos, provocou a prisão do ex-diretor-geral do DER Nelson Leal. Dezoito pessoas envolvidas, dentre as quais o presidente da Econorte, Hélio Ogama (também preso) já foram denunciados.
O nome do ex-secretário de Infraestrutura Pepe Richa, sob cujas barbas ocorriam o suposto incesto entre poder concedente e as concessionárias de pedágio, não foi mencionado. Muito menos o de Beto. Pode ser que sejam inocentes, como se deseja. Mas também pode ser que o MPF, quando fez as investigações, tenha preferido não indiciá-los para que o inquérito não “subisse” para Brasília. Agora, perdido o foro, se os nomes de Beto e Pepe aparecerem enrolados, tudo vai tramitar por aqui mesmo e chegar às mãos do juiz Sergio Moro.
Tucanos na cadeia? Estão usando drogas pesadas? Também quero!