Em sigilo, o presidente Jair Bolsonaro destacou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para negociar uma espécie de armistício com o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno. Aliado de primeira hora de Bolsonaro, o ex-auxiliar foi exonerado na segunda-feira, depois de ter se envolvido em uma guerra de versões sobre conversas com o presidente, alimentada pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente.
Nesta quarta-feira, em uma conversa com Onyx, por volta de 16h50, o presidente mostrou-se preocupado com o fato de ainda ser representado em processos judiciais por Bebianno, que é advogado por formação. Onyx disse a Bolsonaro que teria uma conversa reservada com Bebianno ainda nesta tarde e prometeu “acertar” a questão. Misteriosamente, a conversa foi ouvida a partir de um telefonema aparentemente acidental do ministro da Casa Civil para um jornalista do GLOBO, enquanto estava reunido com o presidente.
— Você vai conversar com ele sobre as ações? — pergunta Bolsonaro.
Onyx confirma que abordará o assunto na conversa.
— Se ele (Bebianno) me cobrar individualmente o mínimo, eu to f… Tem que vender uma casa minha para poder pagar — disse Bolsonaro.
Onyx também informa ao presidente sobre contatos que teve com o ex-ministro, por meio de intermediários, após o jornal “Folha de S.Paulo” publicar nesta quarta-feira uma nota sobre a suposta intenção de Bebianno de juntar documentos para contar histórias sobre a campanha de Bolsonaro e o período em que ficou no governo.
Sobre a potencial ameaça, Onyx diz ao presidente que Bebianno teria “dado a palavra” de que não faria mais declarações sobre a polêmica envolvendo Carlos Bolsonaro e a troca de mensagens dele com o presidente.