A reunião de trabalho que debateu jogos de futebol com torcida única no Paraná ocorreu nesta segunda (8) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), por proposição da deputada Ana Júlia (PT), teve por objetivo o jogo do campeonato brasileiro entre Club Athletico Paranaense e Coritiba Foot Ball Club, que acontecerá no próximo domingo (14), no Estádio Joaquim Américo (Arena da Baixada).
A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Juventude, deputada Ana Julia (PT), mostrou-se preocupada com o evento onde a violência entre torcidas acontece no município em dias de jogos. “Aqui na Assembleia a gente deve discutir tudo que envolve a vida dos paranaenses e o esporte, em especial a manifestação das torcidas, está no centro do debate já visando o jogo de domingo. É importante conversarmos e encontrarmos uma forma pacífica de termos as duas torcidas dentro dos estádios”, afirmou a deputada Ana Júlia.
Repressão
Já em 2 de maio passado foi realizada uma reunião onde se abriu o debate para o tema e os representantes das torcidas apontaram que mesmo após a adoção da medida de torcida única, não há registros de redução da violência no futebol, já que ela ocorre com maior frequência nas periferias, terminais de ônibus e bairros da cidade.
Para o diretor de comunicação da torcida organizada Os Fanáticos, Anderson Matheus, “o combate à violência acontece de forma errada, que tem seu principal foco em repressão, punições e não está funcionando, até porque a violência no futebol está muito longe dos estádios, quando tem um clássico como este de domingo, mesmo com torcida única, as torcidas se movimentam na cidade. O estádio passa a ser um lugar mais seguro do que as ruas, em especial as periferias. Não há com proibir o torcedor que é cidadão, a circular. O que é preciso fazer é trabalhar com prevenção, com educação, aí sim a gente começa a enfrentar a violência”.
O diretor da torcida organizada Império Alviverde, Renan de Paula ratifica a posição da torcida adversária. “Quem preza pela festa nos estádios, hoje está sendo prejudicado porque a violência é um problema social que se reflete em qualquer grupo social, assim como em uma torcida organizada. Quem causa as confusões, geralmente longe dos estádios, não está interessado se vai ter torcida única, se vai ter faixa ou se vai ter bateria, ele sai de casa para arrumar confusão por qualquer motivo que seja”, concluiu Renan.
Segurança
A sugestão conjunta das torcidas para aumento de segurança é o acompanhamento da polícia não apenas na ida ao estádio, mas também no seu retorno após o jogo, que sempre tem um contingente menor ou as vezes nem consta no planejamento. É após o jogo que na maioria das vezes acontecem atos violentos, por isso aprimorar o atual formato, garantindo que no planejamento das ações de segurança sejam contemplados a ida e a volta dos jogos, definindo com as diretorias das torcidas o melhor trajeto para evitar confrontos, aponta o manifesto das organizadas contra a torcida única.
No mesmo manifesto, ficou acordado entre as torcidas o compromisso em colaborar com o planejamento e execução do sistema de segurança proposto para o dia de jogo, alertando as autoridades policiais sobre possíveis riscos, horário de deslocamento e pontos de concentração, além de punições aos envolvidos em qualquer situação que esteja fora do combinado durante o dia de jogo.
“ A torcida Império Alviverde tem a cartilha da torcida organizada, e uma vez identificado como sócio da torcida, este indivíduo sofrerá punições, inclusive com a sua expulsão dos quadros de associados”, declarou o diretor Renan.
“A Fanáticos tem seu regimento interno e a pessoa identificada será julgada dentro da torcida e sofrerá as punições, desde uma advertência até a expulsão da associação”, explicou Anderson, diretor de comunicação da torcida.
Compromisso
A deputada Ana Julia (PT) espera que o compromisso assumido pelas torcidas seja cumprido e que a partir destas reuniões com todos os envolvidos nos eventos esportivos “construam uma lógica de segurança pública que seja preventiva e que as pessoas entendam que o ambiente nos estádios é um local de confraternização, de famílias e de amigos. Hoje damos mais um passo para construir um processo amplo de diálogo com todos os envolvidos e assim, possamos construir uma política pública eficaz propositiva que atenda toda sociedade paranaense”, concluiu.
Além da deputada Ana Julia (PT), anfitriã do ciclo de reuniões sobre o tema, e de representantes das duas principais torcidas dos times da Capital, estiveram presentes representante do deputado Doutor Antenor (PT), o doutor Alberto Israel Barbosa, integrante da Comissão de Direito Desportivo da OAB e o Sr. Jair José de Souza, vice-presidente do Coritiba. (Foto: Orlando Kissner/Alep).