(por Ruth Bolognese) – O governador Beto Richa pode alardear que seu nome não aparece em investigações sobre corrupção feitas no seu governo, conforme informou o Contraponto na postagem recente “Por que Beto Richa ficou de fora?”.
Seus assessores podem rir às gargalhadas esfregando as mãos, e dizendo (muito mais para eles mesmos) que o chefe sairá livre, leve e solto de todas as tentativas de incriminá-lo.
Mas Beto Richa é o primeiro responsável por tudo o que acontece entre as quatro paredes do governo que comanda. Direta ou indiretamente. O cargo para o qual foi eleito lhe dá o comando de todas as nomeações dos chamados “cargos de confiança”, expressão que, por si só, dispensa explicações.
Dentro de um governo, sabe-se tudo, na verdade. A convivência entre si de todos os integrantes da poderosa máquina pública não deixa pedra sobre pedra. A própria caraterística de formar um governo com escolhas políticas, de vários partidos ou facções partidárias, é uma forma de fiscalização poderosa sobre os malfeitos.
O governador tem o poder, intrínseco, de ligar o celular para qualquer funcionário público, do porteiro do Palácio ao seu secretário mais próximo, e perguntar o que quiser. Ao menor ruído de negócio escuso, em qualquer área, pode chamar o secretário, o diretor geral, o financeiro, e exigir explicações.
É claro que uma ou outra falcatrua pode acontecer debaixo do nariz. Mas nunca um rombo de R$ 20 milhões de recursos destinados a reforma e construção de escolas. Ou um diretor do DER poderia andar de iate a R$ 8 mil a diária sem que nenhum integrante do governo tivesse conhecimento.
A inocência do governador Beto Richa, depois de 7 anos de mandato, e em tantas denúncias de irregularidades, com tão graves consequências, só pode ser provada através do completo alheamento em relação ao seu próprio governo.
E alheamento, nesse caso, é falta de responsabilidade.
Concordo que se sabendo ou não sabendo esse que se diz governador é culpado. Se não cuida do Estado é culpado e se está sabendo e não fez nada é culpado do mesmo jeito. Queira Deus que reste alguma centelha de juízo ao povo do Paraná.
Existe o chamado “domínio do fato”! É teoricamente e tecnicamente pouco possível que tantos descalabros acontecessem sem o conhecimento do chefe maior. Existem pelo menos comentários ou demonstrações de padrão de vida incompatível com os salários dos seus servidores de confiança!!!
E nesse caso, se ele sabia, era cumplíce e comparsa dos mal feitos, e se não sabia, é um incompetente e deve ser responsabilizado também, por improbidade administrativa.
O princípio “the king can do no wrong” já caiu nas sombras do passado, mas dado o compadrio de interesses e benefícios recíprocos entre os poderes públicos imperante há décadas no Paraná aqui parece ainda vicejar. A fórmula dos amigos “distantes” já não pode isentar o governador de responsabilização pelos desmandos de seus nomeados ou comandados, até porque os fatos nefastos ao interesse públicos ocorrem ou tem ocorrido sempre por meio de pessoas que fazem “colinho” no governador … Assim não dá, diria o tucanaço FHC!