Preso em sua casa na manhã de 16 de setembro, um sábado, o engenheiro Maurício Fanini, homem-chave no esquema de desvios da Educação investigados pela Operação Quadro Negro, alimentava a esperança de logo alcançar os benefícios da colaboração premiada que, logo em seguida à prisão, apresentou ao Ministério Público Federal (MPF).
O sonho agora está sofrendo um retardamento ou mesmo pode ser enterrado, caso a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, leve a ferro e fogo de devolver aos seus autores as delações que foram vazadas para imprensa – caso da colaboração prestada por Maurício Fanini que teve parte de seu teor publicada pelo jornal O Globo no sábado passado (9).
Fanini é o homem que sabe de tudo: como ex-diretor da Educação, facilitou a contratação da construtora Valor para execução de obras em escolas do Paraná e a beneficiava com pagamentos adiantados por meio de fraude em medições. Em troca, recebia propina da construtora que, supostamente, era distribuída para financiar a campanha eleitoral de Beto Richa em 2014 e para outros agentes públicos, dentre os quais os deputados Valdir Rossoni, Ademar Traiano e Plauto Miró Guimarães.
Por quase dois anos, Fanini manteve-se calado sobre o esquema. Na delação que vazou teria revelado que durante o período foi pago (R$ 12 mil mensais) para que não assinasse qualquer termo de colaboração que pudesse implicar outros envolvidos. Ele respondia em liberdade aos processos instaurados na Justiça, até que em setembro foi preso após suspeitas que vinha atuando para lavar o dinheiro recebido.
A decisão da PGR de suspender o trâmite da delação enquanto a PF investiga quem vazou seus termos traz alívio para os demais supostos citados, que provavelmente estão agora se “lixando” para o sofrimento do amigo Fanini.