Existem dispositivos legais que proíbem o uso de celulares dentro das prisões. Mas eles entram com facilidade e é por meio deles que chefões do crime organizado, embora presos, disparam ordens para seus “exércitos” que ficam do lado de fora. É também por celulares que criminosos enjaulados aplicam seus golpes, como os primitivos mas rentáveis falsos sequestros.
Se é proibido entrar celular nas penitenciárias, por que entram? A explicação parece simples demais: é porque os guardas de presídio ou são cegos, ou não dispõem de equipamentos mínimos de detecção e revista nos dias de visita, ou são corrompidos. E da mesma forma que os detentos têm acesso a telefones, têm também a armas, como se constata durante carnificinas em que trocam tiros entre si e contra os carcereiros.
Está para chegar agora uma nova lei para barrar o abuso dos celulares nas prisões: o Senado aprovou na noite desta quarta-feira projeto que fixa prazo de seis meses para que bloqueadores de sinal de celular sejam instalados em unidades do sistema penitenciário nacional. A obrigatoriedade do mecanismo engloba todo o território nacional. O governo será obrigado a pagar pela instalação dos bloqueadores. Após aprovado também pela Câmara, o projeto vai à sanção do presidente.
A iniciativa é boa, mas mais parece como um reconhecimento de que os governos perderam o controle sobre seus próprios agentes de segurança e se mostra incapaz de fazer a coisa mais simples, que é investigar, identificar e punir os responsáveis por revistas e mesmo pela apreensão de aparelhos que se encontram em abundância nas celas. Só a corrupção explica o fenômeno da multiplicação dos telefones dentro das prisões.
Haverá também bloqueadores para que não entrem armas e munição nos presídios?