Você seria capaz de sair por aí sem tomar nenhuma precaução para evitar se contaminar por aids caso esteja tomando um comprimido por dia de remédio que diz prevenir a doença em 90% dos casos?
Se você está disposto a correr este risco, inscreva-se a uma das 30 vagas de cobaia que ainda sobram em Curitiba. Quem faz a chamada de voluntários é a secretaria municipal de Saúde, publicada na página oficial da prefeitura:
Curitiba participa de pesquisa com medicamento que previne HIV
Curitiba, por meio do Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), da Secretaria Municipal da Saúde, é um dos cinco municípios do Brasil a participar de uma pesquisa comportamental desenvolvida pelo Ministério da Saúde e pela Universidade de São Paulo (USP), em relação às pessoas que aderem à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) contra o HIV. A pesquisa em Curitiba pode comportar até 50 voluntários, mas até o momento há apenas 20 pessoas participando. Por isso, algumas vagas ainda estão disponíveis.
Pelo PrEP, pessoas que são soronegativas, ou seja, que não têm o HIV, recebem diariamente uma pílula do Truvada, um medicamento antirretroviral que evita a infecção pelo vírus. As evidências científicas demostram que o risco de infecção pelo HIV cai em mais de 90%, desde que o medicamento seja tomado regularmente.
A frequência de efeitos colaterais da PrEP é relativamente baixa e a maior parte deles ocorre na fase inicial de uso, desaparecendo após as primeiras semanas. “Nós já sabemos que o Truvada é um medicamento eficaz na prevenção. Nesta pesquisa em curso queremos entender o comportamento das pessoas que adotam o PrEP”, afirma o bolsista responsável pelo campo de pesquisa em Curitiba, Alan Clausen da Silveira.
A boa surpresa dos primeiros meses de pesquisa, revela Silveira, é que a rotina de ter de tomar a medicação todos os dias parece ter alertado alguns dos voluntários para o risco de contrair o HIV e as consequências que a doença traz para o resto da vida. “Percebemos que alguns voluntários têm se preocupado mais com o tema e passam a adotar a prevenção combinada, do medicamento e do preservativo, o que é muito importante, mesmo porque a PrEP não previne outras doenças sexualmente transmissíveis”, diz.
Para a pesquisa em Curitiba, segundo Silveira, procuram-se pessoas que tenham risco substancial de infecção, pelas práticas sexuais de risco que costumam adotar. O usuário precisa se comprometer a tomar a medicação todos os dias, além de fazer acompanhamento de saúde periódico no COA.
Os interessados em participar da pesquisa como voluntários e receber a profilaxia devem procurar o COA e manifestar essa vontade durante o atendimento. O usuário, então, passará por uma avaliação para verificar se enquadra-se nos critérios de inclusão.