(por Ruth Bolognese) – Quem convive com políticos, sabe. Eles, ao contrário de todos os mortais, contam a vida de quatro em quatro anos. Ou de eleição em eleição. E projetam tudo no quadriênio, desde o nascimento de filhos, casamentos, troca de moradia, aplicação de botox, implante e até o regime de emagrecimento.
Nessa conta, eles poderiam viver 4 vezes mais, mas não é bem assim. Eles têm plena certeza de que são eternos. E se a gente olha com mais atenção, vai ver que é verdade: o Sarney, por exemplo, empacou. Não vai morrer nunca.
Aquele relator que ontem livrou Michel Temer da segunda denúncia, o mineiro Bonifácio de Andrada, está na Câmara desde o Império. E Tancredo Neves só morreu por desgosto antecipado. Vivo, teria que conviver com aquele neto. Agora, aos 77 anos, Michel Temer, o presidente mais velho que o Brasil já teve, acusa um entupimento na coronária. Ora, diante da tensão que viveu para tomar o poder de Dilma Rousseff, receber o Joesley Batista de noite e conversar por telefone com o Rodriguinho Rocha Loures, foi até pouco.
Nessa crença na própria eternidade, os políticos de hoje ainda contam com mais um engodo. As plásticas e os implantes os rejuvenescem até 20 anos, ou melhor, eles acreditam que rejuvenescem. E passam a se comportar como se o avesso tivesse a mesma idade do direito.
Juntam dinheiro público na própria conta suficiente para milhares de anos, casam com mulheres belas e 30 anos mais jovens e se esgoelam para garantir a próxima eleição. Um dia, o coração, a cabeça ou as articulações, que ficam do lado do avesso, mostram a idade certa.