Pediatras ainda esperam esclarecimento da secretária

A Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP) ainda está à espera de resposta à carta que endereçou à secretária municipal da Saúde, enfermeira Márcia Huçulak, solicitando esclarecimentos quanto à supressão do atendimento a crianças e adolescentes por médicos pediatras.

Vimos, respeitosamente, pedir esclarecimentos acerca da gestão em saúde na infância e adolescência em prática nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades  Básicas de Saúde (UBSs) de Curitiba.

• O atendimento das urgências de emergências vem sendo feito pelo médico pediatra ou pelo generalista?
• A puericultura vem sendo realizada por pediatras, generalistas ou equipe de enfermagem?

Levantamos tais questões, por conta de uma série de dúvidas e denúncias que nos chegaram nos últimos dias, enviadas por pais e pediatras; e de notícias a respeito veiculadas na mídia. 

 

Chegou ao conhecimento da Sociedade Paranaense de Pediatria que parte das UPAs e UBSs já não contam em seu quadro com esses especialistas e que, em outras, os atendimentos serão feitos, via de regra, pelo médico generalista. Sabemos que existem médicos generalistas que possuem formação específica (residência em Saúde da Família), mas que vários outros foram “alçados” à categoria de Médicos de Família sem a devida formação.   

 

Reiteramos que a Sociedade Paranaense de Pediatria tem história de luta pelos direitos da infância e adolescência do nosso Estado. Dado o elevado grau de consciência social dos pediatras, a entidade estadual que os representa tem contribuído sempre com as políticas públicas no intuito de temperá-las com a experiência de quem trabalha diretamente na realidade de saúde de crianças e adolescentes. É parte da nossa missão trazer a visão crítica de uma instituição que ultrapassou a fronteira da natureza médico científica com que foi criada para se projetar como uma das entidades da sociedade civil mais ativa no cenário composto pelos reais interesses da cidadania em formação.

 

As evidências científicas mostram, com dados irrefutáveis, que a sociedade só terá futuro se entender a infância e a adolescência com a dimensão que, de fato, possuem. A rede municipal do SUS só retomará a qualidade perdida quando o atendimento médico for menos tecnológico e mais humanista. Quando voltar a ser mais preventiva e menos intervencionista. Tal percepção ganha corpo nos sistemas de saúde de vários países. A relação custo/benefício do atual modelo tornou-se insustentável. A Pediatria brasileira é a especialidade médica menos desconstruída pelo rolo compressor da tecnologia acima de qualquer princípio. Manteve-se inteira. 

 

Gostaríamos de marcar uma reunião na Sociedade Paranaense de Pediatria para compreender o funcionamento da Residência em Medicina da Família e do Programa de Atendimento às Crianças e Adolescentes nas UBSs e UPAs da nossa cidade. Estamos à disposição para oferecer a parceria da nossa Instituição quanto à capacitação e atualização dos profissionais Pediatras e Médicos da Família da rede em temas específicos, caso seja de seu interesse, de forma a contribuir para a qualidade dos atendimentos prestados às crianças e adolescentes da nossa cidade.