(por Ruth Bolognese) – O procurador do MPF, Carlos Fernando dos Santos Lima, foi feliz na expressão de que o pedágio é uma ferida aberta no Paraná. Há mais de 20 anos convivemos, de fato, com essa herança que Jaime Lerner nos deixou.
Os sucessores de Lerner que nos governaram, Roberto Requião e Beto Richa, conviveram com a sangria. Requião tentou abaixar a tarifa, fustigado pela cobrança da promessa do “baixa ou acaba” que usou na campanha eleitoral. Pelo contrário, causou mais confusão e prejuízos: foi dele, por exemplo, o “acordo” que eliminou a obrigação da concessionária de duplicar o trecho da BR-277 entre Cascavel e Foz do Iguaçu.
E Beto Richa tentou o impensável – trocar mais tempo pela queda nas tarifas. Nos levaria a conviver muito além dos 24 anos previstos nos famigerados contratos, unicamente para que as concessionárias não saíssem de mãos (cheias de dinheiro) abanando. Uma lástima, ideia felizmente abandonada na casca.
Mas quem pagou as tarifas mais altas do mundo nessas duas décadas foram os paranaenses. E sem receber quase nada em troca, além da manutenção das estradas.
Agora, os procuradores do MPF mostram que os desvios podem passar de R$ 100 milhões, uma Megasena. E se comparados ao que apenas uma delas, a Econorte, faturou, o repasse é troco: segundo dados do próprio MPF, essa pedageira faturou em 10 anos, entre 2005 e 2015, cerca de R$2,3 bilhões em tarifas. E repassou R$ 63 milhões.
Ora, que empresa, por maior esforço do empresário, vai faturar mais de R$2,3 bilhões, a não ser com uma máquina de fazer dinheiro nas estradas que responde pelo nome de “Pedágio”?
É uma ferida aberta, sim. E quando um governo permite entre seus auxiliares mais próximos, gente que faça parte do esquema de receber dinheiro de pedageiras, rouba os paranaenses duas vezes: permite a cobrança exorbitante, e ainda desvia o dinheiro da cobrança exorbitante.
O governo Beto Richa tem muito a explicar sobre a Operação Integração.
O pessoal da Agencia Reguladora estadual é a mesma turma que implantou o pedágio na época do Jaime. Agora aprovam os aditivos e aumentos. Raposa cuidando do galinheiro. Só neste governo caótico de um governador vazio e inexpressivo politicamente.
Não custa perguntar outra vez: por que mesmo elaborar contratos de manutenção com duração de vinte e quatro anos?
E por que culpar somente o poder executivo?
Esse desgoverno está caindo de podre em cima dos paranaenses! Será que aprendem com prejuízo público ou vão querer mais nas próximas eleições?
Genial. Apenas não entendo a razão pela qual esse site rasgou seda para o Jaime Lerner, não muito tempo atrás. Meus parabéns pela coerência.
https://contraponto.jor.br/jaime-lerner-80-anos/
Parece que a questão vai um pouco além de um “certo compromisso com a imperfeição”.