“Pedágio” de salário, mais comum do que se imagina

O “pedágio” ou “mensalinho” que alguns políticos cobram de seus funcionários comissionados é ilegal, mas é mais comum do que se imagina. Desde o início dos anos 2000 são noticiados casos em vários estados, o que já rendeu cassação de um parlamentar e o ressarcimento de recursos ao erário.

Na prática, funciona assim: um profissional é nomeado como assessor em um gabinete e recebe um salário de, por exemplo, 2.000 reais. No mesmo dia em que esse valor cai em sua conta corrente, ele é obrigado a devolver parte dessa remuneração (de 10% a 70%) para alguma pessoa de confiança do parlamentar. Em geral, há um pacto de silêncio entre as partes: o assessor quer manter o emprego e depende do político que confisca parte do seu rendimento.

O Paraná é pródigo em casos semelhantes. Na Assembleia Legislativa houve, por exemplo, o famoso esquema “gafanhoto”. Pelo menos um vereador de Curitiba, Custódio da Silva, foi condenado a nove anos de prisão e cumpriu parte da pena. Em 2017 surgiu o caso da vereador Katia Dittrich, a “Katia dos animais de rua”, acusada do mesmo crime e quase cassada pela Câmara Municipal.

O tema voltou à tona por causa do caso de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Queiroz foi flagrado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) movimentando 1,2 milhão de reais – valor cinco vezes superior a sua renda anual –, recebendo depósitos de ao menos nove servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em datas próximas aos pagamentos de salários e transferindo 24.000 reais para Michele Bolsonaro, mulher do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

Por ora, nenhum dos Bolsonaro é investigado com relação ao caso e os políticos negam ter cometido qualquer irregularidade. Em privado, no entanto, os investigadores trabalham com a hipótese de que haja um esquema semelhante ao “pedágio”. As suspeitas em torno do gabinete de Flávio Bolsonaro cresceram ainda mais com reportagem do Jornal Nacional, que mostrou que um servidor que fez uma transferência a Queiroz passou em Portugal mais da metade do tempo em que trabalhava para o filho mais velho de Bolsonaro.

2 COMENTÁRIOS

  1. Puxa Loise! Você ainda não sabe que de agora em diante essas coisas não vêm ao caso? O que importa é evitar que o comunismo entre no país, que meninos se vistam como meninos e brinquem de forte-apache, matando os índios sanguinários. Que meninas se vistam como princesas. Corrupção foi uma invenção e uma prática exclusiva do PT. Com a graça de Jesus da Santíssima Goiabeira e a vigilância do ministro Moro, corrupção nunca mais! Claro que se um dos nossos ungidos cometer um deslize, basta se arrepender…e tudo se arranjará! Glória a Deux!

  2. Peculato e associação criminosa, esta foi a acusação feita pelo MPF nesse mês, ao Senador Agripino Maia, que tinha um fantasminha de estimação. Quero ver se o MP Carioca vai ter o saco roxo para levar adiante essa investigação, que aparenta ser muito mais nojenta. Então o filho ordena que o assessor faça um agrado de 24$ para a mamãe ou o assessor resolve pagar uma dívida de 40$ com dinheiro público. Puxa, com fantasminha morando em Portugal?! Se aprovassem aquela lei que transformar corrupção em crime hediondo e também aprovassem a proposta de pena de morte para crimes hediondos do próprio filho do Bolsonaro, já teríamos candidatos para a inauguração da cadeira elétrica!

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