A Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro trabalha para tirar do papel, fez nesta quinta-feira (21), a sua convenção de lançamento, sob forte discurso de respeito a Deus, a religiões e de oposição a movimentos de esquerda. Em discurso, o presidente disse querer que a nova legenda “reze nossa cartilha”. “Assim atingiremos de verdade os nossos objetivos”, explicou.
A fala de Bolsonaro foi feita a uma plateia inflamada, com seus apoiadores participando, aos gritos, em apoio ao presidente. Não faltaram também críticas da plateia a parlamentares vistos pelos bolsonaristas como “traidores”, como o deputado federal por São Paulo Alexandre Frota, agora no PSDB. Aos apoiadores, o presidente Bolsonaro disse que críticas ao governo são bem-vindas.
Em um auditório lotado de um hotel de luxo de Brasília, a advogada Karina Kufa fez, antes do discurso de Bolsonaro, a leitura dos princípios do partido. “O povo deu norte da nova representação política. Em 2019, novo passo precisa ser dado. Criar partido que dê voz ao povo brasileiro”, afirmou. Karina Kufa afirmou que o partido é conservador, comprometido com a liberdade e ordem, soberanista e de oposição às “falsas promessas do globalismo”.
O programa tem os seguintes princípios: respeito a Deus e à religião; respeito à memória e à cultura do povo brasileiro; defesa da vida; garantia de ordem e da segurança. O programa afirma que o partido “reconhece o lugar de Deus na vida, na história e na alma do povo brasileiro”. Há ainda defesa da posse de armas.
Karina Kufa disse que o partido “se esforçará para divulgar verdades sobre crimes do movimento revolucionário, como comunismo, globalismo e nazifascismo”. Ainda segundo a advogada, a sigla estabelecerá relações com partidos e entidades de países que “venceram o comunismo”, como os do Leste Europeu.
“O Aliança pelo Brasil repudia o socialismo e o comunismo”, afirmou Karina Kufa. A frase foi bastante aplaudida pelos presentes. A plateia começou a gritar: “A nossa bandeira jamais será vermelha”.
Eleições 2020 – Antes de ir para o evento, Bolsonaro disse que não “entra” na eleição para prefeito e vereadores em 2020, caso a criação do partido Aliança Pelo Brasil não seja aprovada até março. “Se for possível a [coleta de assinaturas para criação da legenda] eletrônica, a gente forma um partido para março. Se não for possível, eu não vou entrar em disputas municipais no ano que vem, estou fora.”
Crítico do voto eletrônico, Bolsonaro questionou: “Estamos aguardando decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se pode a coleta de assinatura eletrônica. O voto pode, assinatura não pode? De acordo com a decisão, a gente vai saber se forma para março ou para o final do ano que vem”, afirmou o presidente. Em parecer enviado na terça-feira (19), ao TSE, o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques, se manifestou contra a coleta de assinaturas digitais para a criação de partidos. Para Jacques, todo o esforço na Justiça Eleitoral é “devotado ao tratamento dos documentos em papel”. (Com informações do portal Metrópoles).