(por Tadeu Felismino*, no blog Paçoca com Cebola) – Abril de 1972, a Expo Londrina vive a euforia de uma conquista histórica: a aprovação pelos governos do Estado e Federal da criação do Instituto Agronômico do Paraná, após árdua luta liderada pela Sociedade Rural do Paraná e Folha de Londrina, nas pessoas de Celso Garcia Cid, Francisco Sciarra, João Milanez e muitos outros.
Abril de 2019: o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, anuncia a extinção do IAPAR e sua fusão com outras entidades do Sistema de Agricultura do Paraná.
Entre a euforia de um momento e a melancolia do outro, foram 47 anos em que o IAPAR cumpriu e cumpre fielmente e com louvor a missão para a qual foi criado: ser um dos protagonistas da revolução tecnológica que tirou a agricultura paranaense da monocultura do café e do atraso em que vivia nos anos 1970 e a elevou ao nível “classe mundial” que ostenta hoje.
Tentam justificar a extinção dizendo que o IAPAR envelheceu, debilitou-se, “entrega pouco” e que sua missão de prover soluções inovadoras para o agro paranaense é melhor cumprida hoje pelo setor privado, especialmente por grandes multinacionais de tecnologias para o agronegócio.
Sim, o IAPAR está enfraquecido, grande parte de suas primeiras gerações de pesquisadores estão se aposentando. Mas o problema é a não reposição desses profissionais: de um quadro previsto de 250 pesquisadores para tocar 17 programas e 250 projetos de pesquisa em áreas cruciais para o agro paranaense, o Instituto conta hoje com menos de 90 profissionais, situação que tem levado diversas áreas do Instituto a entrarem em colapso.
E, sim, também há problemas de gestão, que se agravaram desde o início dos anos 1990, quando o Governo do Estado (gestão Requião) transformou a então Fundação IAPAR em autarquia, migrando seus quadros do regime CLT para o estatutário. Modelo sabidamente menos compatível com uma gestão por resultados, que é o esperado para uma dinâmica instituição de pesquisa científica e tecnológica.
Igualmente, é notório que as multinacionais do agro ocuparam grandes espaços em pesquisa e inovação. Mas quem, senão a pesquisa pública, vai fiscalizar e oferecer parâmetros e contrapontos à atuação dessas empresas. E, mais ainda, quem vai pesquisar áreas de pouco interesse comercial para essas empresas, como a preservação dos recursos naturais, a Agroecologia e tantas outras. Para ficar num exemplo: o IAPAR é líder em pesquisa de feijão, produto básico da dieta do brasileiro, mas que até o momento não desperta interesse das grandes empresas de tecnologia.
Para resolver os problemas da pesquisa pública do Paraná, a Secretaria de Agricultura traz como solução a fusão do IAPAR com entidades totalmente distintas em termos de missão, histórias, estruturas e legados. E, pior, todas elas com dificuldades iguais ou maiores que as do Instituto. São elas a Emater, que tem um belo histórico de contribuições ao agro paranaense no campo da assistência técnica e extensão rural; e a Codapar, empresa de infra estrutura com histórico e legado mais complicados (inclusive dívidas e 300 funcionários que se pretende incorporar aos quadros do Estado sem concurso público). O caso do CPRA – Centro de Referência em Agroecologia é mais simples, pois foi um desmembramento mais recente do próprio IAPAR.
A pergunta que não quer calar: se o IAPAR já tem dificuldades hoje, o que será da pesquisa pública paranaense diluída e rebaixada numa estrutura meio falida, que junta alhos com bugalhos? Não seria mais simples fazer o que funcionários e dirigentes do Instituto vêm reivindicando há anos, a reposição de pessoal e um choque de gestão?
Um dos argumentos dessa proposta escalafobética é redução de custos. Pois bem, dos mais de 100 cargos comissionados existentes na Secretaria de Agricultura e suas vinculadas, o IAPAR tem apenas seis cargos, dos quais dois ou três serão mantidos (Pesquisa, Administração e Finanças e talvez Negócios).
Entre os extintos está o de Presidente. Também será extinta a marca IAPAR!!! Ou seja, ao final e ao cabo, não se fará economia alguma e se jogará no lixo o principal ativo da instituição, sua marca! Com isso, o que foi o IAPAR, gloriosa conquista do agro paranaense, especialmente do Norte do Paraná, único órgão do Estado com sede fora de Curitiba, passará a ser departamento de um mamute estatal sediado em Curitiba…
Pesquisando as origens desta iniciativa, fomos informados de que foi uma “imposição do G7”. O que é o G7, essa entidade mítica, espécie de oráculo da modernidade, que fala em nome do setor “produtivo” e tem o poder de impor ao Estado orientações de políticas públicas? Trata-se de uma união informal de Federações do Sistema S (Indústria, Agricultura, Comércio etc), que recentemente ganhou notoriedade por críticas do ministro Paulo Guedes, que acusa o Sistema S de prejudicar a competitividade do país por viver verba pública, retirada de impostos sobre a folha de pagamento das empresas.
No caso do Paraná, é de justiça ressalvar os ótimos serviços que o Sistema S presta ao Estado por meio de entidades como Sebrae, Senai, Senar e outros. Mas não há como negar o anacronismo, as mordomias e a politicagem de algumas dessas Federações, especialmente a da Agricultura, liderada por um mesmo presidente há mais de 30 anos como uma capitania hereditária.
Não deixa de ser ofensivo aos herdeiros de Celso Garcia Cid, Francisco Sciarra, João MIlanez e tantos outros que se esteja especulando com o futuro de uma instituição tão cara aos paranaenses. Lá do céu, os “pais” do Instituto Agronômico do Paraná devem estar protestando: “Parem de brincar com o IAPAR!!!”
*(Diretor de Inovação do IAPAR de 2015 a 2018)
Entendo que durante muitos anos a sociedade esteve sem as informações que precisava para fazer juizo correto de tudo que está acontecendo. Com a chegada e democratização da internet, estamos construindo um novo modo de ver as coisas. O nosso quintal se estendeu para além dos muros de nossa casa ou os limites de nosso municipio e pais. Fermentam nas redes sociais”muitas democracias” e as pessoas estão se organizando para derrubar muros de intolerancia ideologica, religiosa, academica e cada um busca assegurar o seu espaço. Digo isto para afirmar que se este momento servir para que todos cedam um pouco e se consiga reunir as coisas boas de cada segmento podemos ter uma evolução cultural muito grande e aumento significativo da renda no estado. Dou apenas um exemplo: A fusão da Emater, Iapar, Codapar e Cpra, a estes eu acrescento a minha instituição , a Adapar, porquê a Adapar? Porque quem avaliza toda cadeia produtiva, dando a garantia de que todo este processo está correto, dentro das normas de produção e com segurança para os consumidores é a Adapar. Minha idéia é que se faça uso de tecnologias mais apropriadas de produção.Apesar das tecnologias alternativas ao uso de agrotóxicos, por exemplo terem surgidos em uma linha ideologica mais de esquerda, muitos fazendeiros do agronegócio já estão adotando e estão se tornando menos dependentes dos agrotóxicos. O Brasil tem uma caracteristica interessante, que é a capacidade de mudança de seu povo. Os agricultores querem baixar seus custos, com veneno barato ou sem veneno e mais barato ainda. A lei do mercado impera…as informações correm…o trem está mais na frente do que agente esta pensando. O que a sociedade está impondo é uma tomada de atitude muito mais ousada. Mas mudanças são necessárias, a acomodação incomoda muito. A evolução tem que acontecer.
Que baixaria. Não imaginava ler um secretário falar dessa forma com outra pessoa …
De qualquer forma já que ele lê o jornal aqui, pode aproveitar e responder quem é essa sociedade que pede o fechamento do IAPAR?
Qual segmento da sociedade conhece exatamente o que o Iapar faz?
Porque cada governo vem e.muda as diretrizes e a chefia de acordo com o cordão de puxa sacos?
Muitas ações práticas de conservação do solo e da água em que o Iapar colabora , são muito bem sucedidas… coberturas desenvolvidas no Iapar são muito importantes para a conservação.do solo…
Eu sou parte da sociedade que não apoia destruição de.wmptesa de pesquisa, não apoio governo ir para Stanford e só pensar em sei lá o que para a inovação e esquecendo a.vocacao do Estado,vque é sua alma, na sua terra
A verdade dói. O Tadeu foi Diretor de um Instituto de Pesquisa mesmo não tendo nada haver com o Agronegócio do Paraná, afinal é Jornalista. É da turma da Campanha do Beto Richa, campanha de Londrina…. Ficou chateado porque não foram reconduzidos, ele o Ex-Presidente Viajante Florindo. Deve ter alguns cargos indicados lá e vai perder na fusão. O IAPAR tem que fazer pesquisa que grandes multinacionais não fazem, e isso eles não querem. Choque de Gestão já, Modernidade já, Fora com Cabides de Emprego. E sem contar o bairrismo da Rural de Londrina, são contra tudo. Sugiro mudar o nome pois vcs não são a Sociedade Rural do Paraná, são de Londrina, e defendem só Londrina. Não tem autoridade para falar do Paraná.
Esse Tadeu Felismino não merece credibilidade. É um falido, sempre atrás de cargos comissionados. Foi Diretor do IAPAR por intermédio do ex Presidente do Instituto. Sempre deslumbrado e transitava muito bem entre a Federação da Agricultura e outras entidades do agronegócio. Isso é dor de cotovelo de quem não foi reconduzido ao cargo. Já se ajeitou como chefe de gabinete da PM de Londrina.
Resposta à carta do Sr. Tadeu Felismino, ex-diretor do IAPAR, veiculada no blog CONTRAPONTO de 12/04/2019
Prezados Senhores,
Na condição de diretor designado para coordenar o projeto de modernização institucional envolvendo 04 entidades vinculadas à Secretaria da Agricultura do Paraná, sinto-me na obrigação de manifestar-me sobre o teor do artigo publicado pelo Sr. Tadeu Felismino, intitulado “Parem de Brincar com o IAPAR”:
O IAPAR-Instituto Agronômico do Paraná tem inegável e indiscutível contribuição histórica ao desenvolvimento e modernização da agricultura do Paraná, da mesma forma como têm a EMATER e a CODAPAR. A contribuição do CPRA é mais recente, embora não menos importante, na construção de sistemas mais equilibrados de produção.
Essas Instituições foram fundamentais em décadas anteriores mas não conseguem manter, na atualidade, o mesmo nível de contribuição, por problemas diversos, alguns pontuados pelo articulista e outros não considerados. De fato, em função da crise fiscal do Estado, faltou repor pessoal para pesquisa e talvez esse seja o aspecto mais relevante e que justifica o projeto, mas não tem como desconsiderar como importantes os problemas citados de gestão interna da organização e de isolamento institucional. A Instituição não conseguiu, ao longo dos anos, manter um processo de integração com órgãos de assistência técnica e extensão rural e nem mesmo com as Instituições de pesquisa que atuam no Estado. Essas questões criaram um clima de questionamento quanto à real necessidade de manter, na forma atual, essas entidades, o que levou a Secretaria da Agricultura a propor um estudo técnico visando constituir uma nova Instituição, a partir dos ativos essenciais do IAPAR, da EMATER, da CODAPAR e do CPRA. Entenda-se como ativos essenciais o quadro técnico, as expertises organizacionais e o conhecimento técnico e científico acumulado.
O IAPAR, criado em 1972, que chegou a ter mais de 200 pesquisadores, conta hoje com 88, sendo que 25 deles estão em regime de abono permanência, ou seja, podem aposentar-se a qualquer momento. Do total de 459 servidores do IAPAR, 124 (27%) estão aptos para se aposentar. O Estado, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, não tem como repor a condição de pesquisa, mantendo a atual constituição organizativa. A EMATER, que vivia situação semelhante em termos de envelhecimento da força de trabalho, conseguiu, através de mecanismo de Programa de Demissão Voluntária, renovar seus quadros e hoje conta com quase 50% da estrutura de campo com tempo inferior a 10 anos de trabalho. Ou seja, tem um quadro renovado e mais jovem. A fusão das 4 entidades e a realização de um programa de incentivo à demissão de celetistas da EMATER e da CODAPAR abre caminho orçamentário para a reconstrução do quadro de pesquisadores. Ou seja, ao contrário do que insinua o Sr. Tadeu, que dirigiu o IAPAR, a pesquisa só tem a ganhar. Se ficar como está, morrerá por inanição. A proposta é de criação de uma nova Instituição, moderna, tendo o IAPAR como incorporador, mantendo, portanto, o seu CNPJ, tendo como base de gestão da pesquisa a atual sede em Londrina e mantendo a marca IAPAR nos produtos gerados.
Portanto, não se discute o valor histórico das contribuições do IAPAR, mas qual sua capacidade de gerar conhecimento e tecnologias daqui para frente. Não é verdadeira a afirmação de que foi dito que a missão do IAPAR “é melhor cumprida hoje pelo setor privado, especialmente por grandes multinacionais de tecnologias para o agronegócio”. Está claro para nós que determinados tipos de pesquisa não são atraentes ao setor privado, sendo atribuição da pesquisa pública fazê-los. Como evoluir, como entregar mais para a sociedade, como ter mais pesquisa em coisas fundamentais para a agricultura familiar, como desenvolver e utilizar as novas tecnologias a favor do agro paranaense são as respostas que o novo IAPAR deve dar. Maior integração pesquisa-assistência-fomento deve acontecer. Sair do isolamento pois passado de glória não é garantia de futuro. O mundo está cheio de casos dessa natureza. Vários Estados fizeram, há tempo, esse movimento.
A proposta de fusão não busca só redução de custos. O objetivo principai é a busca de efetividade. No entanto, a sociedade cobra austeridade e, no caso em discussão, é preciso restabelecer a informação correta: o IAPAR tem 06 cargos comissionados e 116 funções gratificadas, num universo de 459 funcionários, ou seja, um chefe para apenas 3,76 subordinados!
Ao todo, as 4 Instituições envolvidas possuem hoje 416 cargos e funções comissionados. A proposta reduzirá para 245. Ou seja, 41% de chefes a menos. Ressalta-se que o objetivo é a criação de uma Instituição forte, que faça mais e melhores entregas para a Sociedade, que é quem paga os impostos. Daí vem a preocupação com a racionalização de custos.
A sede (comando) da pesquisa continuará em Londrina, o orçamento de pesquisa será ampliado e serão mantidos o CNPJ e a marca IAPAR (IPR) nos produtos gerados.
A pesquisa não será transformada em departamento, como afirma de forma simplista e grosseira o autor mas sim em componente estratégico na mais moderna Instituição de apoio ao desenvolvimento rural do Brasil. Ou o Paraná sai na frente ou continua a reboque dos demais Estados.
O IAPAR é uma Instituição pública, patrimônio do Paraná, muito maior que um grupo de pessoas que quer um ambiente próprio para produzir de acordo com suas convicções. É fundamental considerar que trata-se de uma Instituição importante para a agricultura do Estado, que funciona com orçamento público, portanto pago pela sociedade, e que deve, sim, satisfações ao povo do Estado. Para quem não sabe, o orçamento do IAPAR é superior a cem milhões de reais por ano.
Pelo exposto, temos sim que dar um basta em quem brincou com o IAPAR nos últimos anos!
Natalino Avance de Souza – Eng. Agrônomo/Ms
Diretor Presidente da EMATER e Diretor Presidente Interino do IAPAR
O Tadeu, quando era diretor do IAPAR nos governos Beto e Cida, tinha parte do G7 no conselho . Parece que nesse tempo eles prestavam! O projeto de modernização do IAPAR é uma imposição da sociedade. O resto é lero-lero de quem não fez o que devia. Aliás, seu Mário, deixe de idiotice. Quem manda em mim sou eu. Mas tenho humildade suficiente para reconhecer que não sei tudo e, por isso, consulto opiniões externas. Voce deve ser corporativista, que acha que tudo está bem. A sociedade que pague a conta, né! A propósito, a FAEP ainda não conhece o projeto. Se ela manda em voce, problema seu…
SMART FARM – O Tecpar também está com ações em andamento para fortalecer a agricultura familiar. Na semana passada, o instituto firmou um protocolo de intenções com o Sebrae-PR e a prefeitura de Araucária, para a implantação de uma fazenda inteligente (Smart Farm), no município.
“Este projeto experimental vai possibilitar que os pequenos produtores tenham contato com o que há de mais novo em agrotech, adaptado à sua realidade e necessidades”, explica Cammarota.
O Tecpar concorre com o Iapar? É isso Ratinho?
É justo agora que o governo federal vai lançar um instituto de pesquisa agritech em LONDRINA.
Temos uma situação ja algum tempo que preocupa a sociedade paranaense… A FAEP e seus tentaculos cooptaram o Estado. o Agide manda no Norberto e seus asseclas….o Interesse publico agora não é mais prioritario… o que manda são os interesses do grupo politico da FAEP…. Entregar o Estado para este pessoal, foi um processo evolutivo onde uma burocracia incompetente não teve condição de contrapor….
Lamentável a falta de visão estratégica e que deixa de lado o que mais falta ao país que é a pesquisa!
A marca é fundamental nas pesquisas ela dá credibilidade aos estudos feitos. Repor pesquisador é fundamental e ser administrada de forma técnica, transformando a instituição em agência de pesquisas independente da política existente na Secretaria da Agricultura, com Conselho e Diretoria independente dos mandatos eleitorais, com autonomia e mantendo a soberania do Estado. O IAPAR poderá ter convênios com empresas e universidades e ser remunerada entre outros com royalties dia produtos desenvolvidos em parceria.
Há como avançar, como melhorar, com visão do futuro e tecnologia.
Acabar com o IAPAR é uma visão retrógrada, estupida mesmo!
Quanto aos cargos estatutário , os que existem ficam em extinção, novos serão celetistas e além do orçamento o gestor da instituição. Terá obrigação de garimpar recursos no mercado.
Abraços olhos governador e não jogue fora mais uma joia da coroa paranaense.
A grande verdade é que as últimos governos após Canet, seja pela politicagem, seja pela incompetência ou ainda pela corrupção, destruíram a administração pública paranaense.
Esses governadores todos passaram e o deserto os seguiu. E agora o que estamos vendo? O “novo”?
Excelente análise, parabéns ao blog por divulgar!