Quase escondidos entre as 5.500 páginas que compõem o inquérito da Polícia Federal sobre a suposta participação do presidente Michel Temer em favorecimentos para empresas do Porto de Santos, aparecem dois registros curiosos que trazem pedaços do assunto para dentro do Paraná. São partes que se referem aos muitos movimentos do governo federal para facilitar a manutenção de esquemas suspeitos de distribuição de propinas no setor portuário, conforme as investigações conduzidas pelo delegado PF Cleyber Malta Lopes, no STF sob relatoria do ministro Luiz Roberto Barroso.
Uma das referências diz respeito à indicação do paranaense Ogarito Linhares, ex manda-chuva no Porto de Paranaguá em vários governos estaduais para exercer o cargo de diretor do poderoso Departamento de Outorgas da Secretaria Especial de Portos da Presidência da República. O posto oferece ao seu ocupante a prerrogativa de negociar valorizadas áreas para terminais portuários – setor que, bem azeitado, oferece imensas e variadas possibilidades.
Pois Ogarito foi indicado a Michel Temer e ao então ministro de Portos, Maurício Lessa, em outubro de 2016, pelo também então ministro Geddel Vieira Lima – o homem dos R$ 51 milhões escondidos num apartamento em Salvador e hoje presidiário na Papuda. O inquérito reproduz o ofício de Geddel ao ministro e, logo depois, o consequente ato de nomeação de Ogarito publicado no Diário Oficial da União.
Outra referência é ao deputado João Arruda (MDB) que, na Câmara Federal e pela imprensa, denunciava um acordo suspeito que estava sendo gestado pelo governo do Paraná para que a Rodrimar – empresa de Santos acusada de ligações ilícitas com Temer – arrendasse áreas do Porto de Paranaguá para instalação de estruturas para movimentação de cargas. Houve revolta no governo federal e na Rodrimar contra Arruda.
“O cara é do PMDB!”, protestava um dirigente da Rodrimar lembrando que o parlamentar paranaense era do mesmo partido do governo. A Rodrimar pedia ajuda, então, a outro paranaense, na época muito influente no Palácio do Planalto – o deputado Rodrigo Rocha Loures, o assessor e amigo de Temer que pouco tempo depois foi filmado carregando uma mala com R$ 500 mil reais na saída de uma pizzaria em São Paulo.
Isso está me cheirando o “fora temer” se vingando. Quanta maldade. Se o Temer for culpado, será condenado sim. Assim como o Lula! Não podemos esquecer que eles eram aliados e fizeram parte da mesma organização criminosa que disseminou a corrupção dentro de instituições “aParTidárias” do Paraná.