Paraná, negócio de famílias (1)

A Folha de São Paulo deste sábado (4) faz uma radiografia das famílias que mandam no Paraná desde o século 19 que acabam sendo as raízes dos Macedos, Richas, Requiões, Barros, Dias…

Perpetuação de clãs na política do Paraná é estudada em universidade

O que você fazia aos 22 anos? Maria Victoria (PP) garantia uma cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná.

Filha do ministro da Saúde, Ricardo Barros, e da vice-governadora Cida Borghetti, ela foi a mais jovem entre os deputados estaduais eleitos em 2014.

Para carimbar o passaporte na política do Estado, a ascendência familiar é fator de peso.

Os Barros, os Richa, os Requião e os Rocha Loures são apenas alguns dos grupos que se perpetuam no poder paranaense.

As múltiplas redes de parentesco na política estadual são objeto de investigação do Núcleo de Estudos Paranaenses da Universidade Federal do Paraná. O cientista político Ricardo Oliveira, coordenador do grupo e autor do livro “Na teia do nepotismo”, afirma que o poder das famílias remonta ao período colonial.

“Todas as instituições políticas no Paraná são pesadamente atravessadas por interesses familiares, de grupos que estão no poder alguns desde a gênese colonial, no século 18.”

O pesquisador afirma que aqueles que não pertencem a essas famílias se casam com um integrante e, assim, entram e se perpetuam na política do Estado.

Segundo ele, a presença dessas redes não é identificada apenas nos três Poderes, mas também em outros espaços, como no empresariado, no Tribunal de Contas, nos cartórios e na mídia.

“O senso comum é de que o nepotismo é um fenômeno nordestino, arcaico, do passado. A gente mostra que, ao mesmo tempo, é um fenômeno dos lugares considerados mais modernos do Brasil”, diz.

Como exemplo do clã Macedo, um dos mais influentes na história paranaense, ele cita o capitão Manoel Ribeiro de Macedo, que viveu no século 19. Segundo estudos do núcleo, entre seus descendentes estão o prefeito de Curitiba Rafael Greca (PMN), o governador Beto Richa (PSDB), e a advogada Rosângela Wolff Quadros, mulher do juiz Sergio Moro.

O professor afirma que o cenário, que tem como base uma “sociedade extremamente desigual”, promove um ciclo de exclusão. “Que ao mesmo tempo produz as famílias políticas que reproduzem essa desigualdade.”

Oliveira ressalta que a perpetuação dos mesmos grupos nos espaços de poder estimula o clientelismo e “enfraquece a própria ideia republicana”. “O Estado passa a ser negócio de família.”

2 COMENTÁRIOS

  1. Acabei de comentar num texto da Ruth sobre a ãncora que são as elites do Paraná . E não tinha lido esta informação. talvez a materia seja comemorada, emoldurada e colocada na parede para provar quem manda de fato no Paraná. Ja disse que o Parana é a Alagoas da Região Sul, com todo o respeito ao povo mas sem nenhum com as elites que naquele estado se revezam no poder, tal como aqui.

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