Quando Renato Feder foi indicado para a secretaria de Educação do Paraná, em novembro de 2018, o Contraponto foi buscar os fundamentos que levaram Ratinho Jr., então governador eleito, a se definir pelo nome do mineiro dono da Multilaser, uma das maiores empresas de tecnologia do país – fabricante de computadores, pendrives, celulares e outros acessórios.
O pensamento do agora possível futuro ministro da Educação, que almoçará nesta terça-feira (23) com o presidente Jair Bolsonaro para ser sacramentado como substituto de Abraham Weintraub, foi encontrado num livro de que é co-autor e que o blog resumiu assim:
“Carregando o Elefante – Como transformar o Brasil no país mais rico do mundo” é um livro de autoria do futuro secretário da Educação do Paraná, anunciado esta semana pelo governador eleito Ratinho Jr. Na obra, Renato Feder e seu sócio Alexandre Ostrowiecki na empresa Multilaser, de Minas Gerais, defendem teses liberais, como a diminuição do Estado ao mínimo possível.
No livro, Feder defende drástica redução no número de ministérios e diz que são dispensáveis até mesmo os ministérios da Educação e da Saúde. Na questão do financiamento da educação, ele expõe uma ideia que, se quiser implantar na secretaria da Educação (A Seed seria também ela dispensável?) que vai assumir terá de contar com a concordância corajosa do chefe Ratinho Jr.
[…] Segundo o futuro secretário, o Estado, em vez de custear diretamente as escolas públicas, poderia distribuir vouchers (valores em dinheiro) para que as próprias famílias matriculem seus filhos em escolas particulares que acharem mais convenientes para a educação deles.
O texto no livro (acessível na internet através deste link) diz o seguinte sobre a ideia dos vouchers:
A melhoria da educação no Brasil passa por uma questão fundamental: é o Estado a entidade certa para operar dezenas de milhares de escolas? Será que o controle público é a melhor forma de gerir um colégio, escolher material didático, pagar professores e cuidar da manutenção?
No caso da maioria das nações do planeta, a resposta ainda é sim, apesar de que esse quadro pode estar mudando. Em quase todos os países, o governo opera um sistema público e gratuito de educação. A princípio esse fato inequívoco nos empurraria para defender o mesmo modelo no caso brasileiro, de uma rede pública e de qualidade. No entanto, uma série de casos de sucesso inquestionável está mudando a visão dos especialistas a respeito da melhor estrutura educacional e apontando as vantagens dos sistemas de vouchers.
O voucher educacional é um sistema bastante simples de entender: o Estado paga, os pais escolhem, as escolas competem, o nível de ensino sobe e todos saem ganhando. Ou seja, cada família recebe uma espécie de cupom com valor pré-determinado, com o qual pode matricular seu filho em escola particular e o valor do cupom é pago diretamente à escola pelo governo. Nesse cenário, apesar de o governo estar financiando a educação, o processo é gerido pelos princípios da competição e livre iniciativa. Escolas boas recebem muitos alunos, ganham dinheiro e crescem. Escolas ruins perdem alunos e precisam ou melhorar ou fechar as portas. Uma irresistível pressão por melhoria é formada.
Renato Feder também gravou um vídeo sobre o que acredita ser uma política eficaz para melhorar a qualidade da educação brasileira e, ao mesmo tempo, tirar dos ombros do Estado o peso de manter um custoso e complexo sistema de ensino. A iniciativa privada pode dar conta do recado de melhorar o nível do ensino por meio da livre concorrência, cabendo ao poder público apenas a tarefa de garantir às famílias o dinheiro necessário para pagar as mensalidades. A ideia foi descrita neste vídeo gravado por Renato Feder antes de ser nomeado secretário de Educação do Paraná:
O empresário e secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, um dos cotados para comandar o Ministério da Educação no lugar de Abraham Weintraub, foi denunciado por sonegação fiscal e responde a processo milionário na Justiça de São Paulo, que corre em sigilo.