O ex-ministro Antonio Palocci, preso há um ano em Curitiba e já condenado a 12 pelo juiz Sergio Moro, parece ter quebrado a prática mafiosa da Omertà – aquela que se faz mediante um “pacto de sangue” para nunca revelar segredos da organização criminosa.
O pacto deriva do medo de receber um dano irreparável de expor-se, de denunciar nomes ou fatos, que provoquem consequências que possam afetar a tranquila vida de cada um. A quebra da omertà em geral, implica uma solidariedade social generalizada, e a falta de poder de domínio dos mais fortes sobre os mais fracos.
Pois Palocci usou exatamente a expressão “pacto de sangue” ao se referir ao “pacote” de vantagens que o dono da Odebrecht, Emílio Odebrecht, ofertou ao presidente Lula em troca de sua proteção aos negócios da empresa, supostamente ameaçados pela já eleita (mas ainda não empossada) presidente Dilma Roussef.
Segundo Palocci, Odebrecht garantiu a Lula R$ 300 milhões (“ou mais, se fosse necessário”), além de pagamentos por palestras, a reforma do sítio de Atibaia e a compra do apartamento vizinho ao do ex-presidente em São Bernardo do Campo.
Estes fatos estavam protegidos pela omertà, que Palocci, “o italiano”, quebrou ontem (6) perante o juiz da Lava Jato.