Os negócios imobiliários de Beto Richa (2)

A opção preferencial por investimentos imobiliários, que Beto Richa demonstrou enquanto era governador, rendeu mais um capítulo com a decisão do STJ de mandar para a primeira instância o inquérito que apura se o ex-governador levou vantagem com a extraordinária valorização de uma área em Quatro Barros. O imóvel comprado por R$ 1,4 milhões foi vendido quatro anos depois por R$ 25 milhões graças a um decreto que o tirou como parte de uma imexível Área de Preservação Ambiental (APA) para que nele pudessem ser construídos armazéns que hoje servem à Renault.

Os compradores-vendedores do imóvel (o ex-prefeito de Quatro Barras Loreno Tolardo e seu irmão Luiz) não teriam lucrado toda a enorme diferença de R$ 23,6 milhões, porque, segundo denúncias que agora serão aprofundadas, cerca de R$ 5 milhões teriam sido doados à campanha de reeleição de Richa em 2014, dos quais R$ 800 mil foram efetivamente registrados (veja gráfico do TSE aqui).

Antes desse caso já se conhecia outro que também foi parar no STJ a partir das investigações da Operação Superagui, deflagrada pelo Ministério Público Federal. Diz respeito ao Eixo Logístico de Paranaguá, criado também por decreto de Richa para permitir a instalação de estruturas de estacionamento de caminhões à margem das BR-277, próximas ao Porto de Paranaguá.

Um dos que pretendiam construir um grande estacionamento no local era o amigo de Richa, o empresário Jorge Atherino, dono da Green Logística. Apressado, ele destruiu 13 hectares de Mata Atlântica com licenças obtidas aparentemente sob fraude no Instituto Ambiental do Paraná (IAP), comandado na época por outro amigo do governador, Luiz Tarcísio Mossato Pinto.

O Ministério Público de Paranaguá e o Instituto Chico Mendes conseguiram embargar a obra e levantaram as suspeitas de que Richa e família iriam tirar proveito econômico do empreendimento.

É que se constatou que a Green Logística tinha outros empreendimentos imobiliários na região metropolitana em sociedade com a empresa BFMAR, iniciais que correspondem a Beto, Fernanda, Marcello, André e Rodrigo Richa.

Um dos loteamentos – todos com a marca Green – entre os municípios de São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande – também foi valorizado pela construção de uma estrada asfaltada graças a recursos públicos liberados pelo ex-governador.

Como diz a propaganda, imóvel é sempre o melhor negócio.

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