O PSB tem dois corações

O PSB está de coração partido. Nacionalmente, seu coração bate na oposição a Temer e ao PSDB. Por isso, foi contra o presidente em todas as votações em que o mandato dele estava ameaçado por denúncias da PGR. Nas eleições mais importantes deste ano, como a de governador de São Paulo, o PSB pode até remotamente apoiar a candidatura do seu correlegionário vice Márcio França, desde que ele não faça aliança com o governador Geraldo Alckmin, presidenciável tucano.

O coração socialista nacional bate no peito do presidente Carlos Siqueira, que nesta terça-feira (6) esteve em Curitiba para reforçar convite ao ex-senador Osmar Dias para que seja seu candidato ao governo do Paraná em oposição ao grupo de Beto Richa. E que, de preferência, fizesse par com Roberto Requião como seu candidato a senador.

Osmar até toparia, não fosse o fato de que o coração do PSB no Paraná bate no peito de Severino Araújo, 79 anos, pernambucano, guardião da memória de Miguel Arraes, fundador do partido. Ele é o presidente do diretório estadual e, embora socialista, palpita de admiração pelo governador Beto Richa, a quem devota fidelidade absoluta, para não dizer canina.

Não tem votos nem para se eleger vereador, mas misteriosamente tem grande influência e é também muito admirado por Richa e arredores, o que lhe dá poder até para distribuir cargos para alguns amigos. É segundo suplente do senador Alvaro Dias, eleito em 2014. Tem poder também para resistir às pressões do diretório nacional para que deixe o comando do PSB paranaense ou, pelo menos, para que seja um pouco mais flexível e obediente aos projetos políticos da cúpula.

O coração de Severino Araújo não bate por Osmar Dias. E Osmar Dias, por isso, sente dificuldades em fazer aliança do seu PDT com o PSB se for para figurar como terceiro candidato a governador da base de Beto Richa, condição que Severino gostaria de impor. Os outros dois candidatos governistas são Ratinho Jr. (PSD) e Cida Borghetti (PP). Dois é bom, três é demais.

Nem tudo está definitivamente sacramentado. O presidente Carlos Siqueira marcou para a próxima terça-feira (13) tomar uma decisão final em reunião marcada para Brasília, embora tenha de tourear outro problema: se insistir em ter Roberto Requião como candidato a senador na chapa de Osmar, a bancada do PSB na Assembleia promete debandar para o PSDB. O coração deles também bate por Beto Richa e não bate por Requião.

 

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