“O presidente sou eu”, diz Bolsonaro, que ignora Mandetta e defende fim da quarentena

Recebido com orações e louvores pelos admiradores que o esperam à saída do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro disse esta manhã (31) que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) aderiu à posição que sempre defendeu, de que a população que não se encontra no grupo de risco deve voltar a trabalhar. “A fome mais do que o vírus”, repetiu.

Segundo Bolsonaro, o diretor da OMS falou “praticamente” que os informais “têm que trabalhar” durante a crise causada pela pandemia do coronavírus, mas ao contrário do que o presidente sugere, não faz a relação entre trabalho e medidas de isolamento.

Bolsonaro não contextualizou a declaração do diretor da OMS e omitiu trecho do discurso em que afirma que governos de todo o mundo precisam garantir assistência a pessoas mais vulneráveis e informar sobre a duração das medidas de restrição de movimentação das pessoas.

Depois de afirmar que a imprensa é contra o povo, Bolsonaro declarou que não viu a entrevista coletiva de seus ministros na tarde de segunda-feira (30) no Planalto e que não sabia que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, manteve a orientação para isolamento como meio mais eficaz para frear a velocidade da propagação da epidemia do coronavírus. “Não se esqueçam que eu sou o presidente e vou seguir a orientação da OMS.”

Bolsonaro disse que em sua visita a bairros pobres do Distrito Federal, no domingo (29), conversou com uma mulher que tinha nove dependentes em casa e que precisava continuar trabalhando para dar sustento a todos. “Imagine o que vai ser dessa mulher! Pela idade dela, não pode deixar de trabalhar”, já que, segundo os médicos, a chance de morrer é maior para quem está acima de 40 anos. “Então, tem que deixar esse pessoal trabalhar.”

 

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