O pedágio paranaense e sua longa história

(por Ruth Bolognese) – Nesses mais de 20 anos em que foi execrado, xingado, processado e rejeitado pelos paranaenses, o pedágio virou até tese de mestrado na Universidade Federal do Parana (UFPR). No estudo “A concessão das rodovias paranaenses sob a ótica da regulação”, apresentada em 2005, a estudante Rejane Karam escreveu um capítulo sobre o “Sistema de Pedagiamento do Governo – um estudo ignorado” revelou um fato quase esquecido.

Foi no governo de Roberto Requião, em 1991, que o então vice-governador e secretário dos Transportes Mário Pereira criou uma comissão para estudar a viabilidade de se implantar o pedágio no Paraná. A comissão mapeou o estado e um ano depois concluiu que o pedágio poderia ser implantado em quase 3 mil quilômetros de estradas no Paraná, estaduais e federais e, coincidentemente, já traçava um esboço do que seria o Anel de Integração, que Jaime Lerner iria conceber logo em seguida.

A grande diferença com o pedágio de Lerner era que o de Requião não previa duplicações de trechos das estradas e ainda sugeria que as tarifas fossem cobradas pelo estado, ou no máximo, por uma empresa de economia mista.

O estudo não se transformou em realidade porque o PMDB temia o efeito eleitoral da cobrança, mas se sabia que era inevitável.

Nessas duas décadas de pedágio, pesquisas mostraram que os paranaenses não são contra a cobrança de tarifas. Mas discordam totalmente do custo das tarifas.

A Operação Integração, comandada pelo Ministério Público Federal (MPF), acaba de mostrar que, mais uma vez, o povo estava certo. Muita gente enriqueceu, as concessionárias têm nas praças de pedágio uma máquina de fazer dinheiro e não cumpriram o prometido.

Em 2021, o calvário acaba. O próximo governo vai ter o controle das rodovias nas mãos para estabelecer os novos preços. Mais um motivo para se pensar muito bem antes de apertar o botãozinho na urna eletrônica.

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