(por Ruth Bolognese) – Ninguém nega a importância e a necessidade de uma estrada asfaltada ligando os centros industriais dos municípios de Fazenda Rio Grande e São José dos Pinhais. São apenas quatro quilômetros ao custo de R$ 5,5 milhões financiados pelo BRDE. O lançamento da obra pública foi motivo de celebração para a assinatura da autorização pelo governador Beto Richa, no Palácio Iguaçu, com a presença de secretários, prefeitos, deputados, empresários, conforme registro feito pela Agência Estadual de Notícias em 28 de março passado.
Então, não se trata de contestar a obra, mas apenas de constatar que, além dos trabalhadores que precisam ir e vir de um lugar para outro e facilitar o transporte de produtos entre as duas localidades, a pequena rodovia beneficia também empreendimentos imobiliários do conglomerado Green RF, dirigido pelo empresário Jorge Atherino.
O maior empreendimento, que constroi em sociedade com a família Sanson, é um loteamento com 1.800 unidades situado exatamente à margem da nova estrada. Os demais empreendimentos, loteamentos industriais e residenciais, todos com a marca Green, se espalham no entorno desse asfalto.
O mesmo método de investir numa área onde posteriormente o governo vai lançar um investimento público aconteceu em Paranaguá: o mesmo incorporador Jorge Atherino adquiriu 13 hectares de terra um mês antes de o decreto do governador Beto Richa lançar o Eixo Modal, programa que facilita a logística de movimentação de cargas do Porto de Paranaguá.
O terreno fica à margem da BR-277, em região de Mata Atlântica, próximo a Paranaguá, mas a obra do estacionamento de caminhões que pretendia instalar foi embargada por órgãos ambientais federais e pelo Ministério Público por desmate ilegal de vegetação nativa. A família Richa, segundo investigações que o MP fez à época, seria sócia do grupo liderado por Jorge Atherino. Por isso, em razão da prerrogativa de foro do governador, o inquérito está sendo conduzido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Beto Richa desmente com veemência qualquer ligação negocial da família com a Green Logística e considera que as suspeitas não passam de “ilações insanas”.
Um bom local para os “Sem Terra” acampar.
Desvios de traçado, compra antecipada de terras, abertura de ramais, etc tudo isso sempre existiu beneficiando terceiros ou grandes proprietários; a novidade hoje é que os beneficiados são os próprios governantes ou governantes-família …