O homem que sabe demais

Parceiro e amigo do governador Beto Richa em jogos de tênis nas quadras do Country Club e em viagens de lazer, o engenheiro Maurício Fanini é um arquivo vivo. Sabe muito das coisas – muito mais, até, do que o Ministério Público Estadual anotou a partir dos interrogatórios a que foi submetido. Mas já o suficiente para comprometer a biografia de muita gente que, direta ou indiretamente, sabia ou se beneficiou do esquema que ele, Fanini, montou na secretaria da Educação para desviar verbas que estavam carimbadas para a construção de escolas. Tudo investigado pela Operação Quadro Negro.

Parte das pessoas citadas por ele detém foro especial e responde em Brasília, no Supremo Tribunal Federal (STF). São também investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) porque uma parcela dos recursos era proveniente do orçamento da União. Aguardam-se para breve as providências usuais – bastante parecidas com aquelas com que a população já se familiarizou por causa do bombardeio noticioso referente ao modus operandi da empregado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

Por enquanto, porém, já correndo na primeira instância da Justiça estadual, encontra-se o processo que envolve 18 personagens identificados, dentre os quais o engenheiro Fanini.  Segundo o Ministério Público, ele havia arquitetado um sistema frágil de controle interno, de modo que todas as operações de medição de obras passassem diretamente por ele ou por pessoas de sua confiança, de modo a permitir pagamentos rotineiros de obras sem que elas tivessem sido executadas. O esquema teve como principal parceiro a Valor Construções e Serviços Ambientais Ltda., cujo sócio mantinha tratativas diretas com Fanini para que as obras fossem pagas quase integralmente, embora o percentual de execução fosse extremamente baixo.

O dinheiro recebido indevidamente era depositado em contas da empresa, que desviava a maior parte para contas de prepostos, os quais, posteriormente, sacavam grandes montantes em espécie (entre R$ 200 mil a R$ 500 mil). O dinheiro era então dividido entre os envolvidos no esquema.

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