O destino de R$ 20 milhões é o que assombra, não o preço do colete

(por Ruth Bolognese) – Segundo o delator Maurício Fanini, o ex-governador Beto Richa ganhou um colete cinza que pode custar até R$ 44 mil da marca italiana mais cara do mundo, Loro Piana – que a grande maioria dos paranaenses nunca tinha ouvido falar porque, no máximo, usa colete da Hering . Richa ficou contentíssimo com o mimo.

O fato de ter vindo do empresário Carlos Gusso, com contratos milionários vigentes no governo, comprova apenas, e por enquanto, o agradecimento eterno de quem faturou muito nos últimos 7 anos.

Aceitar presentes caríssimos quando se exerce cargo público é um bônus com aquele prazer inconfessável e que, nas almas mais afeitas ao belo e ao proibido, se auto justifica pela ideia do “se eu cheguei até aqui, eu mereço”.

Na verdade, é o primeiro sinal de que o bichinho da corrupção pegou você também. Mas deixemos o ex-governador feliz num shopping de Miami com seu valioso colete cinza.

No meio de todas as denúncias escandalosas da Operação Quadro Negro, no entanto, é preciso não perder o foco: está comprovado, provado, assado e cozido que sumiram mais de R$ 20 milhões de recursos federais e estaduais destinados a construção e reformas de escolas públicas no Paraná.

E ninguém, até agora, apontou o caminho que esta montanha de dinheiro percorreu até chegar ao seu destino final. Para as escolas públicas é que não foram, óbvio, porque não há obras visíveis.

O ex-governador Beto Richa chama de “bandido e criminoso” o amigo de longos anos, Maurício Fanini, que ele mesmo nomeou para um cargo de confiança na secretaria de Educação. E vai mais longe o ex-governador: diz que o próprio Fanini fez mais de 800 depósitos na própria conta bancária enquanto era funcionário do Governo.

Sim, e daí? Estes depósitos ficaram na conta de Fanini ou tomaram outro rumo? Ora, o próprio Fanini afirmou em sua proposta de delação premiada que recebeu, durante um ano, a valiosa quantia de R$ 12 mil reais mensais de outro amigo próximo do ex-governador, Jorge Atherino, o “Grego”, para sustentar a família. Havia sido exonerado do cargo e estava na rua da amargura.

Então, e os 800 depósitos não seriam suficientes para 10 invernos, ou mais, se tivessem ficado na conta de Fanini?

Mas muito além dos depósitos e da sobrevivência do “bandido , criminoso e traidor” Fanini , está o comportamento do ex-governador como gestor do dinheiro público.

Ele se jacta o tempo todo de ter mandado investigar as irregularidades cometidas por Maurício Fanini na secretaria de Educação, desde quando surgiram as primeiras denúncias e sindicâncias dentro da secretaria da Educação e que depois a Polícia Civil veio a chamar de Operação Quadro Negro, nome adotado também pelo Ministério Público do Paraná.

Mas nem o governador, nem seus homens de confiança, todos citados nas denúncias do MP, nunca mexeram um dedo para saber , ou explicar para a população paranaense, o que foi feito dessa pequena montanha de R$ 20 milhões que desapareceu misteriosamente dos cofres públicos do Paraná.

Com a palavra o Homem do Colete.

8 COMENTÁRIOS

  1. Judiciário do Paraná? É a Shangri-lá, o Nirvana dos políticos. Se forem de certos partidos então, é mais fácil o homem nu e a mulher nua da praça 19 de Dezembro copularem e ela engravidar e dar a luz a uma criança feita de mármore de Carrara, do que esses políticos serem importunados pela justiça do Maranhão do Sul.

  2. Mas o que acho curioso é que nem o judiciário parece interessado em saber o destino de todo montante… Fanini acusa deus e o mundo, se faz de vítima, mas não diz pra onde foi parar o restante do dinheiro desviado (se juntar tudo o que ele aponta para os políticos não chega nem na metade do valor desviado… Fica a pergunta se o resto ele não está guardando bem quietinho para, caso consiga ser solto, gastar ao seu bel prazer)

  3. Tá triste D.Ruth? Então vamos esperar os desdobramentos pra ver se a tristeza não vai aumentar.

    Não consigo confiar no justiça e no mp nem na policia do PR pois são parceiros do crime ha décadas. Como confiar no moro e no deltan já que nasceram no Parané e moram em Curitiba terra em que tudo que acontece, mas ninguem sabe, ninguem viu.?

    E posso confiar na imprensa, que este caso não vai sair de pauta ou como o caso do diários secretos ou do derosso vai sumir pra que ninguem mais saiba no que deu?

    Apostaria mais na impunidade e na andança do processso no mesmo ritmo que correu o processo do azeredo, uns 15 anos no minimo.

    E se o Lula consegue ler 55 paginas por dia, neste caso a leitura não sera no ritmo do sobrinho do Pato Donald de Porto alegre que leu 250 mil paginas em 6 dias e deve cair para o nivel mobral que é o real do judiciario brasileiro.

  4. Outra reflexão e que o governador deverá responder, é que ele como engenheiro, que é, e como governador, não tinha interesse em inaugurar tais escolas. Ele que aprendeu na escola e tinha o cronograma de obras, não fez uma agenda de inaugurações, para compartilhar com sua base na ALEP?!

  5. Exato Ruth! No Paraná, do compadrio escandaloso entre os poderes públicos das recíprocas benesses e proteções, a regrinha básica do desvendo da maracutaia é o “follow the money” (siga o dinheiro). Missão para os policiais e a justiça. A sociedade aguarda, ao menos aquela parcela que não tem nariz de palhaço.

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