Na boca do mentiroso, o certo se faz duvidoso

(por Claudio Henrique de Castro) – A transparência dos dados públicos é dever legal das autoridades.

Quando os agentes públicos deixam de divulgar dados oficiais sobre a pandemia, praticam improbidade administrativa e cometem crime contra a saúde pública.

O governo trata as mortes da pandemia como inevitáveis e mera estatística, passando o problema para municípios e estados, sem condições de resolver o problema de forma nacional.

O Executivo comprao apoio dos parlamentares do Centrão no Congresso Nacional. Em maio foram distribuídos 6 bilhões e 200 milhões de dinheiro público para garantir fartas licitações e a reeleição de prefeitos e vereadores aliados.

As bancadas do boi (agronegócio), da bala (polícias e milícias) e da bíblia (alguns grupos neopentencostais), juntam-se agora à alguns setores da Igreja Católica que recebem verbas para suas emissoras radiofônicas e televisivas, tudo está aí, para quem quiser ver e ouvir.

Nada diferente dos tempos da ditadura, na qual o autoritarismo foi abençoado pelos setores conservadores da igreja. Os recentes aumentos salariais do topo da carreira das forças armadas são um detalhe nisto tudo.

Agora é a vez da mentira oficial, do ocultamento, do atraso e da negação dos dados das vítimas da pandemia. O pior é a negligência no combate e na tomada de decisões objetivas e ágeis. Já assistimos este filme na epidemia de meningite em 1974.

A venda das estatais, a ciranda do mercado financeiro, a expansão do agronegócio e a devastação da floresta Amazônica, não podem parar. A reunião ministerial comprovou isto.

Na democracia não existe segredo, tudo deve ser divulgado de forma ampla para que os cidadãos saibam o que se passa no Estado. A liberdade de imprensa cumpre papel importante nesta ampla divulgação. O atual governo combate os dois, a publicidade e a imprensa.

Nos regimes de exceção, o segredo é a regra. Sempre foi.

Aindiferença oficial com a pandemia, a troca de três ministros da Saúde, a característica ditatorial do Executivo, dos filhos do Presidente, a ampla base midiática do gabinete do ódio e das fake news, são uma realidade no Brasil.

Poucas instituições admitem isto, a maioria delas, finge que nada está acontecendo.

Ensinaram os gregos que “A verdade é filha do tempo não da autoridade”.

Assim, ocultar os números das vítimas da pandemia é mais um capítulo da tragédia que as instituições insistem em apoiar às custas dos recursos públicos.

A ditatura está instalada e pisa na Constituição e nas leis. Quem ousa desfiá-la ou detê-la?

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